Patrimônios em perspectivas negras: Direito à cidade, antirracista e memórias em disputa

Thais Fernanda Alves Avelar

No pós-abolição, as distintas formas de associativismo negro, desdobram-se, contemporaneamente, nos movimentos negros, revelando a mobilização como legado histórico de enfrentamento às violências e destituições de direitos das populações negras egressas do cativeiro e seus descendentes.
Confrontando esse legado colonialista, reconhecendo a potência desses movimentos, assumido a memória como arena em disputa e a rua como lócus de revisão da história em perspectiva negra, objetiva-se compreender a plasticidade das lutas antirracistas, no pós-abolição, como forma de enfrentamento aos legados de escravização e suas marcas na nossa sociedade contemporânea. Para tal, pautando o direito à cidade e o direito à memória, através da educação patrimonial assumida como meio de valorização da herança cultural, investigar-se a atuação e as estratégias no campo da história pública e dos patrimônios empreendidas por Angana – Núcleo de Pesquisa e Educação Patrimonial em Territórios Negros de São Paulo.
O palmilhar desse percurso se justifica por trazer à tona outros contornos da mobilização social e política dos movimentos negros no campo da memória e do patrimônio.
Logo, ao revelar as estratégias de reescrita da existência negro paulistana, relido em perspectiva negra, o passado é alinhavando às inúmeras estratégias de resistência contemporânea para que não se perca o lastro ao qual se atrela o projeto da emancipação, gestando um devir equânime.