Os filmes Sambizanga (1971), da cineasta guadalupense Sarah Maldoror, e Deixem-me ao menos subir as palmeiras (1974) do português Lopes Barbosa carregam similaridades contextuais, temáticas e estéticas. Primeiramente, são ambos adaptações de importantes obras literárias de seus respectivos países: o primeiro transpõe para as telas o romance A vida verdadeira de Domingos Xavier, do angolano José Luandino Vieira, e o segundo o conto “Dina”, presente na coletânea Nós matamos o cão Tinhoso, do Moçambicano Bernardo Howana.Tais textos são obras fundantes de uma literatura nacionalista e anticolonialista em Angola e Moçambique, assim como os filmes constituem a gênese do cinema ancorado nesses mesmos valores nestes países, apesar de terem sido realizados por estrangeiros. Assim, esta comunicação tem como objetivo aprofundar o estudo das relações entre estes filmes, levando em consideração também a comparação com os textos literários que adaptam. Para tal, investigaremos as relações entre cultura e imperialismo com base em autores como Edward Said, Ella Shohat, Robert Stam, Mário Pinto de Andrade, Frantz Fanon, Aimé Césaire e Eduardo Mondlane. Abordaremos também o processo de adaptação fílmica, inserido nos estudos da tradução intersemiótica, com base em autores como Claus Clüver, Julio Plaza, e Linda Hutcheon.
Literatura e cinema anticolonial em Angola e Moçambique: Sambizanga, de Sarah Maldoror e Deixem-me ao menos subir às palmeiras, de Lopes Barbosa
francisco santos