A construção do Moçambique independente, pós-1975, exigia a presença de quadros formados, num contexto em que a taxa de iliteracia rondava os 90%. Esta apresentação procura refletir sobre experiências extraordinárias que transformaram vidas de vários milhares de jovens de Moçambique que fizeram o ensino secundário na Ilha da Juventude em Cuba. As experiências vividas – sejam elas individuais ou coletivas – por estudantes e professores em Cuba – deixaram marcas na forma em como se pensa sobre si em relação aos outros, por outras palavras, a nossa identidade. Assente em pesquisa de arquivo, em entrevistas de carácter etnográfico esta apresentação procura sublinhar como o direito a uma educação de qualidade, envolvida com as experiências que que caracterizavam Moçambique, foi um dos vetores principais na construção inicial da moçambicanidade. Em paralelo, alerta para as implicações dos esforços usados para controlar o conteúdo educativa, ao submetê-lo a um projeto ideológico de construção da ‘nação’. Nesse sentido, as contradições identificadas neste desafio político, ensinam sobre a complexidade da formação do ‘Homem novo’, um dos objetivos deste novo projeto educativo.
Percursos educativos de moçambicanos/as em Cuba, na Ilha da Juventude (1977-1990s): desafios das relações Sul-Sul
Maria Paula Meneses