O presente trabalho busca apresentar investigações artísticas de enfrentamento à invisibilização e subalternização da mulher negra na história de Redenção – CE, tendo como ponto de partida o caso Liberta Damazia. No ano de 1883, o então município de Acarape (atual Redenção) entrou para a história brasileira a ser o primeiro município a abolir a escravidão no Brasil, todavia, esse feito orquestrado por pessoas brancas possui diversas falhas e contradições, entre elas o esquecimento das pessoas negras como agentes pela liberdade. Em 1882, uma mulher negra chamada Damazia, entra na justiça com a quantia de 60 mil réis para reivindicar a compra da alforria de seus filhos, Joanna e Francisco. Pioneira na luta pela liberdade, Damazia foi apagada na história abolicionista local, mesmo na construção de um monumento para “homenagear” as mulheres negras, escolhem um gigante painel de uma mulher negra nua sem nome, esvaziando de sentido histórico tal personagem. Na contemporaneidade, artistas negras e negros buscam através de obras, perfomances e intervenções por em desordem o imaginário materializado no monumento negra nua, em alguns casos, dando vazão para retomar a história de Damázia, utilizando da arte como meio especulativo e de radicalidade no enfrentamento a um regime de esvaziamento. Desse modo, analiso essas propostas artísticas como atos de demasiada importância para reconstrução de uma memória negra local, onde pessoas negras não sejam apenas representadas como objetos submissos e alegóricos, esvaziadas e distanciadas dos fatos históricos.
Enfrentando o regime do esvaziamento: investigações artísticas negras a partir do caso Liberta Damazia em Redenção – CE no século XIX
Antonio Wilame Ferreira da Silva Junior