São Tomé e Príncipe é um arquipélago da África Central localizado no Golfo da Guiné que, do ponto de vista climático, é influenciado pelo Equador. O clima, tropical húmido, associado ao solo de vulcânico de altitude confere características favoráveis à existência de cursos de água de dimensão e caudal diferenciados, que compõem uma rede hídrica densa face à pequena dimensão deste território insular. A população, urbana e rural, vive em estreita dependência dos rios, que garantem a subsistência orientada pelo consumo direto, a manutenção familiar e os modelos produtivos, sejam agrícolas ou energéticos, e económicos. A representação social, caracteristicamente tradicional e marcada pela ancestralidade que define as comunidades locais santomenses tem sido mantida com uma base utilitarista, resultando numa reprodução de práticas. O benefício que os rios revestem e a utilidade que deles se pode retirar são equacionados sem ponderação dos prejuízos que o uso não planeado promove.
Nesta comunicação são apresentados os resultados de um estudo centrado num conjunto de rios, ribeiras e cascatas da ilha de São Tomé, previamente identificados. Sendo centrais na vida comunitária, estes cursos de água sofrem de fragilidades decorrentes do uso não adequado e não planeado, favorecendo a poluição e a contaminação das águas. Sem uma adaptação de comportamentos e práticas comunitárias que promovam a preservação do ecossistema fluvial e a conservação da biodiversidade a perda de recursos tende ao agravamento. Dado que, na ilha de São Tomé, os rios são definidos como ecossistemas de transição entre o florestal e o marinho, com destaque para o mangal, a vulnerabilidade ambiental não é exclusiva afetando outros habitats e ameaçando a biodiversidade. Os desafios são múltiplos, presentes em projetos conjuntos de âmbito internacional, seguindo a metodologia de parceria com intervenção por proximidade, orientados para a Educação Ambiental complementada por ações de Educação para o Desenvolvimento.
Da nascente à foz: fragilidades e desafios de ecossistemas de transição em São Tomé e Príncipe
Brigida Brito