Eco(s), em Luís Carlos Patraquim

Tarik Mateus de Almeida

Luís Carlos Patraquim faz parte de uma geração de poetas moçambicanos que de acordo com Ana Mafalda Leite reinventaram posições das “linguagens poéticas anteriores” (Leite, 1985, p. 5). Sua primeira publicação data de 1980, na estreia de uma obra paradigmática, mas no entanto pouco discutida no cenário da literatura moçambicana. Monção (1980), nesse sentido, estabelece o preenchimento de um vazio instituído desde a publicação da obra A Ilha de Próspero de 1972, de Rui Knopfli, no que tange a inscrição de itinerários poéticos voltados à proposição de “paisagens húmidas” (Patraquim, 1980) e, sobretudo, de cartografias marítimas ancoradas pela presença do Oceano Índico e da Ilha de Moçambique. Paralelamente, as obras posteriores de Luís Carlos Patraquim, A Inadiável Viagem (1985), e Vinte e tal Novas Formulações e uma Elegia Carnívora (1991), revelam-se como exemplos de um projeto literário que pretende reintegrar um conjunto de vozes poéticas e culturais nas “formulações” de um “eu” em constante movimento, e, sobretudo, na acepção e no questionamento de uma “nova” linguagem poética. Isso se estabelece por um jogo intertextual e metaliterário, no qual Patraquim é entendido como o “intérprete de um legado” (Leite, 1991). Desse modo, esta comunicação pretende abordar a ideia de “Eco(s)” em Luís Carlos Patraquim, defendendo o fato de que a poesia do autor é composta dialeticamente por uma pulsão ecológica que pauta o seu projeto literário por meio de cartografias aquáticas ou ainda “sem limites” (Patraquim, 1980), e sobretudo, por uma tarefa de (re)inventar a linguagem por meio de encontros afetivos entre os sujeitos líricos, as “paisagens húmidas”, e a sistematização de gerações poéticas moçambicanas que (re)interpretam o passado literário. Eco(s), em Luís Carlos Patraquim – adquire uma dimensão de cunho conceitual e estético, abordando as devidas articulações entre poesia e ecocrítica, ou literatura e ecologia.