O trabalho apresenta parte de uma investigação que pretende debater o papel e formas de representação negra nas narrativas literárias e sua relação com a Educação para as Relações Étnico-Raciais (ERER), a partir de uma abordagem crítica sobre os mitos e imaginários historicamente construídos no Brasil. A literatura negra, apesar dos desafios enfrentados pela herança colonial e pelo racismo estrutural, vem ganhando espaço no Brasil, especialmente após as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que institucionalizaram a ERER nas escolas brasileiras. No entanto, mesmo após 20 anos dessas conquistas, o avanço real na sala de aula ainda é incipiente. Assim cabe discutir como as narrativas literárias negras podem, simultaneamente, desafiar e fortalecer estereótipos e imaginários racistas, destacando exemplos de representações problemáticas que ainda prevalecem na literatura nacional brasileira. A partir de uma revisão bibliográfica, a análise reflete sobre o impacto da ausência ou exclusão da representatividade negra nos espaços literários e escolares, e o quanto isso molda a percepção de si entre os leitores negros. Embora haja avanços na produção e inclusão de narrativas afrocentradas no currículo escolar, é crucial que os educadores sejam capacitados para mediar essas histórias de forma crítica, evitando a reprodução de mitos que, mesmo quando “bem-intencionados”, perpetuam ideologias coloniais. Assim, a literatura negra emerge como uma ferramenta potente na luta antirracista, confrontando a hegemonia do pacto da branquitude e reconfigurando os espaços de representação na sociedade.
REPRESENTAÇÃO, MITOS E IMAGINÁRIOS: NARRATIVAS LITERÁRIAS NEGRAS E A ERER NO BRASIL
FERNANDA RODRIGUES DA SILVA