O transporte público de passageiros em motorizada tem vindo a crescer significativamente nos países e desenvolvimento, em resultado das necessidades de deslocamento acessível por populações residentes em zonas (cada vez mais) afastadas dos locais de trabalho, da oferta insuficiente de transportes públicos formais, de uma urbanização inadequada, dos (elevados) congestionamentos de tráfego e da integração desta actividade na economia informal dominante nestes países.
Em linha com a coexistência entre uma globalização e uma informalização que caracterizam o funcionamento de muitas cidades africanas, muitas destas operações têm um muito reduzido controlo institucional, frequentemente focalizado na tributação. Apesar disso, funcionam como um importante complemento ao sistema regular de transporte de passageiro, com maior capilaridade e mais económico. Um reduzido investimento, aliado a uma elevada autonomia e flexibilidade de operação, permitiu que este tipo de serviço tenha atraído muitos jovens, criando o seu próprio emprego.
Este estudo analisa esta operação em Angola, a partir de questionários realizados a mototaxistas (155) e utentes (260), em Benguela, Huambo e Luanda, assim como uma entrevista a um representante da associação representativa do sector (Amotrang – Associação Nacional dos Motoqueiros e Transportadores de Angola). Evidenciado um reduzido nível de organização, e a instabilidade laboral, o trabalho destaca a importância deste serviço, cobrindo um nicho de mercado que os sistemas formais não são capazes ou não têm interesse em cobrir, fornecendo tarifas, horários e rotas flexíveis que respondem às necessidades das populações. É por isso um importante instrumento da denominada “justiça em matéria de mobilidade”