Refletir sobre o futuro, na sua dimensão ancestral, implica, necessariamente, fazer da Sankofa, simbologia adinkra, um vetor de revisão epistêmica onde inquirir o passado e desvelar os passos que nos conduziram ao presente possibilite um devir de equidade. Logo, o futuro é concebido na sua dimensão de construção coletiva e processual filiado a um legado de lutas por emancipação e dignidade das populações africanas e afrodescendentes inscritas em uma agenda de justiça racial.
Assim, interessa compreender o papel político que a arte africana e afro-brasileira, no contexto da diáspora negra, desempenha no debate sobre emancipação e antirracismo. Destarte, investiga-se o papel que o Festival Mundial das Artes e Culturas Negras desempenhou nos debates sobre essa questão.
Alicerçado nese objetivo, investiga-se a posição de Abdias Nascimento, convocado pela Unesco para participação no Colóquio da Festac 77 com o tema “A significação das Artes Criativas na África e fora da África”. Evidenciando seu importante papel ao alinhavar redes de intelectuais africanos, destacando-se Wande Abimbola e Pio Zimiru em diálogo com artistas e ativistas da diáspora africana alinhavando pautas entre as duas margens do Atlântico Negro na luta antirracista e debate democrático sobre o passado e o futuro dos povos de origem africana.
Redes Afro-Atlânticas no Festival Mundial das Artes e Culturas Negras em Lagos: Trânsitos e diálogos às Margens do Atlântico Negro
Thais Fernanda Alves Avelar