No seu livro ensaístico "O que É Ser uma Escritora Negra Hoje, de Acordo Comigo" (2022), a autora afro-portuguesa, Djaimilia Pereira de Almeida explora as questões de raça, identidade e memória, mas sobretudo tece uma reflexão sobre o seu ofício de escrita. O ofício que, como diz a própria autora, é mais uma necessidade que vem do dentro do que mera profissão. No seu seguinte livro Toda a Ferida É Uma Beleza (2023) (que venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores), Almeida volta ao mesmo tema, da força da palavra escrita, mas desta vez o aborda dum modo diferente, criando uma obra de ficção, escrita numa linguagem extremamente poética. A nossa comunicação tem como o objetivo analisar o diálogo intertextual entre as duas obras da autora, entre a mulher-escritora dos ensaios e a menina-rabiscadora da novela. Ao longo da nossa análise, mostraremos como as ilustrações da Isabel Baraona aumentam a experiência da leitura do livro "Toda a Ferida É Uma Beleza". Pensaremos também na presença da écfrase nas obras da autora e sobre a importância da intermedialidade para o projeto criativo de Almeida. Finalmente, olharemos aos dois livros analisados através do conceito da hipercontemporaneidade de Ana Paula Arnaut (2018, 2024).
Uma mulher-escritora, uma menina-rabiscadora: a força da palavra escrita na obra de Djaimilia Pereira de Almeida
Paulina Junko