No mundo globalizado da atualidade, torna-se urgente, desejável e possível uma somatória de olhares teóricos para conseguirmos enxergar o “colonial” que, muitas vezes, encontra-se impregnado nas concepções e na prática social da linguagem, como também para conseguirmos transcender a esse mesmo “colonial” que ainda remanesce em ações e pensamentos negativos relacionados às línguas que surgiram no cenário da era das grandes navegações, como mazelas da colonialidade. Na direção da decolonialidade, então, estudos científicos linguísticos, literários, antropológicos e educacionais podem contribuir sobremaneira na pavimentação do caminho da resistência consciente e crítica, das atitudes linguísticas e políticas positivas e proativas para desconstrução de conceitos, padrões e perspectivas impostas na gênese de línguas como o Fon, o Cabo-Verdiano, o São-Tomense, o Palenquero e o Português Brasileiro, entre outras.
Assim, pretende-se que este painel agregue estudos linguísticos, literários, antropológicos e educacionais relacionados ao multilinguismo, multiculturalismo, interculturalidade crítica, bilinguismo, diglossia, políticas linguísticas, direitos linguísticos, relações étnico-raciais e educação nos países de afrodescendência, pedagogia decolonial, consciência sociolinguística, fortalecimento identitário, autoestima linguística, coesão social pela língua, línguas oficiais e línguas majoritárias, minoritárias ou minorizadas, oficialização, padronização, preconceito e respeito linguístico, educação culturalmente sensível, aquisição de segunda língua por estrangeiros, línguas de herança, línguas de imigração, produção e percepção linguística, sucesso e evasão escolar, formação continuada, etnicidade, ancestralidade, identidade, mobilidade, diáspora, interação de grupos sociais, ações institucionais, acolhimento social, políticas sociais positivas, entre outras temáticas.
Na busca de respostas atuais ao dilema da decolonialidade, então, esse painel funcionará como um polo condensador de propostas e respostas dadas por estudos diversos de línguas africanas e afrodescendentes, situados em diferentes partes do globo, sob perspectivas teóricas diferenciadas, visando a reflexão, a conscientização e a tomada de posições e atitudes positivas para o apagamento consciente de resquícios da antiga era e o espraiamento de luzes no cenário da decolonialidade.
51. LÍNGUAS AFRICANAS E AFRODESCENDENTES: DILEMAS E RESPOSTAS NO CAMINHO DA DECOLONIALIDADE
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