Painéis aprovados

As comunicações para cada painel podem ser apresentadas em qualquer uma das cinco línguas em que se realizará a conferência: catalão (CA), espanhol (ES), francês (FR), inglês (EN) e português (PT).

1. Estudos Africanos e Diásporas. Os casos da Espanha Negra e da Afro-Ibéria

O objetivo deste painel é centrar-se em estudos de caso europeus centrados na Espanha Negra, Portugal Negro e Afro-Ibéria, de acordo com as linhas promovidas pelos coordenadores em diferentes projectos. O interesse é detetar e promover todos os tipos de estudos e análises que justifiquem a necessidade de construir histórias alternativas baseadas no estudo e na recuperação de vestígios africanos. Serão particularmente valorizadas as propostas de disciplinas como a Antropologia, a História, a Sociologia, a Geografia, a Ciência Política, no âmbito dos Estudos Culturais e Pós-Decoloniais. O painel é coordenado por Yolanda Aixelà-Cabré (FMI-CSIC) e Eduardo Costa Dias (ISCTE-IUL).

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2. Os desafios da representação política em África

Este painel investiga os padrões, as causas e as consequências da representação política em África, considerando tanto a perspetiva da elite como a do cidadão. O seu objetivo é discutir e complicar a visão dominante de que a representação política em África é principalmente impulsionada por apelos étnicos e clientelistas, enquanto as formas substantivas de representação estão ausentes. Procura também analisar as formas como as diferentes formas de representação (formal e informal) coexistem e se sobrepõem nos sistemas políticos africanos; e identificar os canais e factores que impedem ou promovem a qualidade da representação. O painel aborda as seguintes questões (e outras relacionadas): Que grupos e interesses estão mais (sub)representados em África? (Porquê) Será que os legisladores prestam mais atenção a alguns eleitores do que a outros? Em que medida é que as questões políticas moldam a representação em África? O que é que os cidadãos esperam dos seus representantes e como é que eles exprimem os seus interesses? Será que a qualidade da representação a nível das elites influencia o comportamento político dos cidadãos? O painel acolhe com agrado estudos que utilizem diferentes abordagens metodológicas (estudos de caso ou concepções comparativas, diferentes tipos de dados e métodos qualitativos e quantitativos) e quadros teóricos/analíticos inovadores para fazer avançar os debates sobre a representação política em África.

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3. Traços de um arquivo anticolonial africano na Península Ibérica (1933-1975)

Este painel pretende abordar os vestígios do arquivo anticolonial africano na Península Ibérica durante o Estado Novo (1933-1974) e o franquismo (1939-1975). Estudamos os vestígios de um arquivo fragmentado e fragmentário, quer pelas suas condições de produção, quer pela diversidade de materiais que o compõem. Em primeiro lugar, abordamos um contexto largamente comum aos dois países, marcado por uma ideologia que combinava a nostalgia imperial e a ideia de excepcionalismo colonial com a austeridade económica, a emigração, o exílio político e o isolamento cultural. Em segundo lugar, a resistência contra a dominação colonial e a construção utópica de um futuro africano livre e soberano operam clandestinamente, abrindo espaços marginais e dissidentes que enfrentam a censura e a repressão política. Como consequência, esses discursos não se materializam necessariamente em produções artísticas. A partir de uma dupla perspetiva comparativa e transnacional, propomos que o contra-arquivo ibérico possa ser investigado a fim de conceber o presente como um arquivo (el-Malik e Kamola 2017, 5-6). O presente em questão é o período pós-colonial de países europeus como Portugal e Espanha, que gerem o seu passado colonial através de modelos de gestão da diversidade nem sempre eficazes (Aixelà-Cabré 2018).

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4. O “ambientalismo literário do pobre”. Por uma ecocrítica das literaturas africanas


O ambientalismo e a ecocrítica se destacam entre os mais atuais desdobramentos nos estudos literários contemporâneos, sobretudo no campo da literatura comparada, dos estudos pós-coloniais e do debate sobre literatura-mundial. Trata-se, no entanto, de perspectivas críticas e analíticas ainda pouco desenvolvidas no campo de estudos de literaturas africanas, especialmente no que tange às literaturas dos países africanos de língua oficial portuguesa. O ambientalismo, a ser entendido como a relação entre natureza, cultura e sociedade e que, em tese, pauta a formação do romance africano moderno e contemporâneo, é raramente (re)conhecido como um tema – um conteúdo ou uma estética – matricial no campo dos estudos de literaturas africanas, reproduzindo a lógica de desigualdade que, de acordo com R.Guha, entre outros, pauta os discursos sobre ecologia e ambientalismo no campo das ciências sociais e políticas, onde a hegemonia de perspectivas ocidentais e, especialmente, norte-americanas, silencia o que é definido como “o ambientalismo do pobre” (Martinez-Alier, 2003). A partir destas premissas, o painel visa reunir trabalhos que se situam no âmbito das humanidades ambientais (environmental humanities), privilegiando, por um lado, reflexões críticas sobre o ambientalismo na área dos estudos africanos e, por outro lado, análises e (re)leituras de obras literárias que problematizam temas ambientalistas, em diversos contextos geográficos e linguísticos do continente africano. O principal objetivo do painel é o de mapear, em sentido exploratório e cartográfico, os debates ambientais em África e os “ambientalismo literários” que pautam as literaturas africanas e, especialmente, as literaturas dos países africanos de língua oficial portuguesa.

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5. Golpes de Estado militares no Sahel

Alguns Estados do Sahel sofreram uma série de golpes militares, mergulhando toda a região numa crise institucional e de segurança sem precedentes. A intervenção do exército no processo político no Burkina Faso, na Guiné-Conacri, no Mali e no Níger suscitou um grande debate nos círculos académicos, levantando questões sobre a trajetória destes Estados e sobre as transições democráticas em África. Embora as crises no Sahel estejam ligadas à ameaça terrorista, são invocadas várias razões, como a instabilidade política e institucional, para explicar a recorrência de golpes militares. Este painel analisa as dinâmicas e as questões que rodeiam a intervenção do exército no jogo político do Sahel.

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6. Património cultural africano e afro-descendente. Identidades, Narrativas, Tensões.

A riqueza do património africano, tanto material como imaterial, é inquestionável. A isto acresce a variedade e a importância do património dos afrodescendentes, sobretudo através dos processos de diáspora do tráfico atlântico de escravos. Embora parte deste património tenha sido declarado Património Mundial, a maior parte ainda não alcançou este estatuto. No entanto, a herança africana levanta questões de identidade para algumas comunidades, em diferentes esferas, quase sempre ligadas à assunção da africanidade pelos afrodescendentes e à aceitação dessa herança como africana pelos africanos. Por outro lado, o património cultural serviu, e continua a servir, como suporte e garante da construção da identidade de muitos povos. As abordagens à descolonização das colecções africanas e o repensar da história atlântica com a intervenção dos afrodescendentes é outro dos elementos a abordar. Os problemas decorrentes da proteção do património, a sua valorização, os confrontos na defesa da variedade patrimonial face a certas políticas uniformizadoras dos Estados, a sua utilização como arma política, a reinterpretação e evolução do património histórico são aspectos que também devem ser abordados.

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7. Desporto e Lazer em África

O painel “Desporto e Lazer em África”, uma iniciativa da “Rede Internacional Desporto e Lazer em África” (RIDLA), tem por objetivo promover reflexões, por meio da troca de experiências e investigações nas diferentes áreas dos Estudos Africanos, sobre as múltiplas manifestações e implicações das práticas de lazer e desportivas no continente africano.

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8. Relações intermédias e inter-artísticas nos cinemas africanos.

O painel propõe-se aprofundar as relações que os cinemas africanos mantêm com outras formas de expressão, da literatura à música, da oralidade às tecnologias de comunicação, das artes estáticas à dança e às artes performativas. Estas experiências têm muitas vezes a ver com a afirmação da identidade após os processos de descolonização, bastando pensar na presença da tradição oral, que desde as primeiras décadas após a independência se manifestou de formas muito diferentes: desde o experimentalismo colaborativo de La zerda ou les chants de l’oubli (1979) – a romancista Assia Djebar, o poeta Malek Aloula e o músico Ahmed Essyad – até às narrativas mais convencionais de Sembène, ou Alassane. Se no início a investigação sobre as suas próprias formas, que implicitamente nega a tradicional divisão entre as artes, é realizada num contexto de pan-africanismo militante que deve ser inserido no internacionalismo mais amplo do Terceiro Cinema, a partir da segunda metade dos anos 80 o panorama internacional muda, e o contexto será muito diferente. Nele, assistimos ao colapso dos cinemas nacionais, à perda da importância social do cinema, à sua dependência do capital estrangeiro no âmbito do transnacionalismo capitalista. A relação com a tradição literária e oral será importante na reinvenção dos cinemas nacionais a partir dos anos 90, mas também a relação cada vez mais direta de muitos dos cineastas com outras manifestações artísticas e com o sistema da arte.

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9. Processos de digitalização em África

O painel insere-se no contexto da importância crescente das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) no continente africano e da necessidade de as abordar de uma perspetiva social e cultural exclusivamente africana. Neste sentido, a relação entre percepções, políticas, acessibilidade, infra-estruturas, agentes, actores e meios digitais estão no centro da discussão deste painel, que pretende promover um espaço de diálogo colaborativo, interdisciplinar e multidimensional, apresentando e debatendo a investigação desenvolvida ou em curso sobre os processos de digitalização em África. Convida a uma abordagem, a partir das perspectivas das Ciências Sociais e Humanas, das realidades e desafios africanos que esta transição impõe hoje à sociedade digital global, e dos debates actuais sobre se é possível e faz sentido falar da chamada descolonização tecnológica a partir de epistemologias africanas.

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10. As lutas pelos direitos queer em África: Examinar o papel do direito e da política na formação dos discursos LGBTQ+ em África

O continente africano apresenta-se como um laboratório para a inclusão das minorias sexuais. O legado colonial das leis da sodomia, que foram domesticadas e africanizadas, continua a moldar o direito e a política em várias sociedades africanas. Estes são temas sensíveis, com alguns movimentos legislativos que ameaçam minar a inclusão e a diversidade na sociedade, impondo noções normativas de família, sexualidade e comportamento. A Nigéria, a Gâmbia e, recentemente, o Uganda estão entre os países que adoptaram legislação restritiva contra a homossexualidade. Muitos mais conheceram uma crescente homofobia estatal (por exemplo, no Gana). O mesmo padrão é encontrado nos mecanismos regionais de direitos humanos que enfrentaram reacções negativas após alguns tímidos passos positivos desde 2011. Neste contexto, este painel pretende abordar as seguintes questões: Qual é o lugar das pessoas queer nas sociedades africanas? Como é que a lei pode ser aproveitada para promover a inclusão das pessoas queer? E como é que os movimentos sociais podem utilizar o direito e a política para facilitar o diálogo e salvaguardar a diversidade, o respeito e a dignidade? Este painel acolhe contribuições, de todas as áreas do conhecimento, que analisem criticamente a experiência queer nas sociedades africanas, os desafios colocados pela homofobia desenfreada e as respostas e estratégias necessárias para combater os movimentos conservadores.

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11. Perceção dos Problemas Ambientais e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Contexto da (re)naturalização de Rios Urbanos em África

O controlo sobre a natureza e a exploração dos recursos naturais está no cerne da urbanização e globalização. A relação entre uma cidade e os rios (e o meio ambiente) é uma construção política com severas implicações sociais. Os rios foram ao longo da história humana de fundamental importância e uma peça-chave para o sucesso das civilizações. Embora o lugar da água na cidade tenha sido uma preocupação constante, os rios não aparecem em destaque. Para a rápida vazão e para criar espaços urbanizáveis, muitos rios foram retificados, canalizados e cobertos, e a vegetação riparia substituída por concreto e estradas, desaparecendo aos poucos da paisagem urbana. Através de uma urbanização insustentável e menos resiliente, avançou-se com a degradação dos rios que passaram a ser uma ameaça permanente, e constituem hoje um dos ecossistemas mais ameaçados no planeta. Essa degradação resultou em problemas recorrentes, tais como inundações, erosão e deslizamentos, ocupação de áreas insalubres, poluição, lixo, doenças, etc. Em muitas ocasiões os rios são apenas lembrados pelos impactos negativos. Por outro lado, há uma crescente preocupação com a regeneração dos rios e a recuperação de ecossistemas. Enquanto nos países industrializados já existem muitos exemplos da re(naturalização) dos rios, em África os casos são raros e pouco estudados. A rápida urbanização, associada a recursos limitados, impede frequentemente a recuperação eficaz dos rios urbanos. Desafios como a falta de sistemas de gestão de resíduos e a poluição por dejetos humanos contribuem para a degradação da qualidade da água e dos habitats.

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12. Mobilidade transfronteiriça dos grupos jihadistas e reconfiguração territorial no Sahel.

Há várias décadas que a região do Sahel se vê confrontada com vários tipos de ameaças, como rebeliões, tomadas de reféns e ataques terroristas.
Na origem, são apontadas várias razões para explicar este fenómeno: o irredentismo tuaregue, a fragilidade dos Estados e as fronteiras porouś.
Este contexto de fragilidade que afecta os Estados do Sahel levou ao aparecimento de grupos terroristas transfronteiriços.
Parece óbvio que a mobilidade implica um movimento de populações, mas também de grupos jihadistas, grupos de auto-defesa e outros grupos paramilitares não regionais.
A reconfiguração territorial resultante da Nova Aliança dos Estados do Sahel (NAS) levanta, portanto, questões sobre a mobilidade dos grupos terroristas transfronteiriços neste novo espaço geopolítico.
Como é que os grupos terroristas se estão a adaptar a esta reconfiguração?
Poderá a nova aliança geopolítica ser uma resposta à insegurança ligada à mobilidade transfronteiriça no Sahel?

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13. Cidades africanas: abordagens decoloniais a processos e fenómenos da urbanização contemporânea

A urbanização é um processo de transformação demográfica, económica, ambiental, espacial e sociocultural das sociedades. No continente africano, os contextos histórico-geográficos específicos destes processos produziram centros urbanos de características particulares. Contudo, os estudos urbanos tomaram as cidades euro-americanas como paradigmas do “desenvolvimento” e da “modernidade” urbanas, recusando características intrínsecas e modernidades alternativas de outras geografias, nomeadamente das cidades africanas. Urbanistas contemporâneos vêm então reivindicando estas «outras cidades» não só como igualmente válidas, mas sobretudo necessárias para forjar e expandir a teoria urbana. Esta crítica questiona modelos, teorias e metodologias de investigação importados de contextos euro-americanos, pouco adequados aos contextos das cidades globais. Assim, neste painel convida-se à discussão de abordagens decoloniais aos fenómenos e processos urbanos do continente africano, através de variados conceitos teóricos e práticas metodológicas.

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14. Representações cruzadas da cidade pós-colonial no romance africano contemporâneo

A literatura, em todas as suas formas, sugere que entrámos na civilização urbana. Todos nós somos habitantes da cidade, envolvidos em comunidades urbanas em crise. O livro é um mediador fértil entre os nossos sonhos e os nossos assombros, entre a nossa imaginação e a realidade, entre o que é e o que será. Frank Lanot, « La ville et la littérature » in Thierry Paquot, Michel Lussault (dir.), Dictionnaire de la géographie et de l’espace des sociétés, Paris, Editions Belin (2013), p. 336. A cidade sempre foi um tema de inspiração favorito para os escritores, que procuraram retratar o seu dinamismo, diversidade, beleza ou feiura. A cidade é um lugar onde se concentram as forças da modernidade, onde as culturas se encontram e onde se constroem as identidades individuais e colectivas. A cidade é o resultado de um conjunto de representações em contínua e permanente interação (Molina, 2007: 290). A emissão de um mandato deste tipo implica um acordo sobre uma definição muito ampla do conceito de “representação”. Assim, longe das divisões artificialmente simplistas entre o ideal e o material, é aconselhável utilizá-lo numa postura construtivista, para considerar que as representações organizam a nossa relação com o mundo e mesmo com o espaço urbano. O nosso objetivo neste painel internacional interdisciplinar é dar conta desta riqueza de discursos, cujos suportes e versões se entrelaçam naquilo a que atualmente se pode chamar o pensamento e a escrita do urbano.

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15. Cooperação Norte-Sul para o Desenvolvimento Universitário: Rumo a parcerias académicas mais equitativas

As relações Norte-Sul são historicamente marcadas por fortes disparidades e desequilíbrios de poder. Os projectos de cooperação para o desenvolvimento são criticados por serem centrados nos doadores – desde a definição da agenda à escolha das áreas temáticas, das estruturas de financiamento à conceção dos projectos – e por seguirem os interesses das instituições do Norte em vez das prioridades do Sul. Estas hierarquias estruturais têm sido objeto de um escrutínio crescente nos últimos anos, resultando em apelos para repensar a cooperação Norte-Sul, quer seja enquadrada como “desenvolvimento” ou fundamentalmente crítica. Estas conversas são notáveis na cooperação facilitada pela universidade entre instituições de ensino superior do Norte e do Sul. Embora a cooperação universitária para o desenvolvimento continue a ser pouco explorada como modalidade de ajuda e como objeto de investigação académica, o seu potencial para repensar as parcerias tem sido salientado tanto por actores do Norte como do Sul, na teoria, através de agendas políticas e na prática. Com base nos apelos crescentes a relações Norte-Sul mais equitativas e significativas, e centrando-se nos laços euro-africanos, este painel irá explorar as lições aprendidas, os desafios e as soluções provisórias para melhorar a cooperação para o desenvolvimento internacional Norte-Sul facilitada pelas universidades. Acolherá as lições retiradas de formatos de colaboração tradicionais e inovadores e assentes em parcerias de curto e longo prazo. Serão bem-vindos tanto estudos de caso como apresentações conceptuais de todas as ciências sociais e de académicos envolvidos em investigação aplicada. Serão especialmente bem-vindos os trabalhos que envolvam universidades ibéricas e as suas congéneres africanas.

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16. As problemáticas da escolarização e da igualdade de género em África: avanços e dificuldades na implementação dos ODS 4 e 5.

Este painel pretende reunir comunicações com uma visão crítica sobre a implementação no terreno dos ODS 4 e 5. Pretendemos enquadrar reflexões sobre a forma como estas metas se materializam em políticas educativas concretas e contribuem para o acesso livre, equitativo e de qualidade, ao ensino primário e secundário, e a mitigação de todas as formas de discriminação contra as mulheres e meninas. Que atores estão envolvidos nos diferentes contextos? Que desafios e contradições se colocam? Que estratégias são mais eficazes? Como chocam as práticas com os desenhos programáticos?

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17. Respostas africanas ao multilinguismo em África: desafios, desafios e oportunidades

O multilinguismo não é certamente a exceção, mas a regra nas sociedades africanas, e observa-se a diferentes níveis: social, comunitário e individual. De facto, a África, e especialmente a África subsariana, é conhecida como uma das áreas geográficas mais linguisticamente complexas e diversificadas do mundo. Esta diversidade linguística implica também um enorme dinamismo que não se manifesta apenas na tendência para misturar línguas, mas também no facto de um dos efeitos da mistura ser a emergência de novos códigos. O multilinguismo e, associado a ele, o multiculturalismo, são, portanto, características centrais das realidades socioculturais africanas. Este multilinguismo africano pode ser valorizado como um recurso e uma fonte de riqueza, mas também pode ser interpretado como um desafio, uma dificuldade ou um problema (Wolff 2016; Wolff 2018). Neste painel, pretendemos abordar o multilinguismo em África a partir de diferentes ângulos temáticos, postulados teóricos e perspectivas históricas e geográficas. Juntos, queremos refletir sobre os desafios e as dificuldades de natureza teórica e prática, mas também sobre as oportunidades e as vantagens que o multilinguismo pode representar para o continente, para as diferentes regiões, países, cidades ou comunidades. As propostas podem ser enquadradas ou inspiradas por diferentes disciplinas linguísticas (sociolinguística, linguística de contacto, dialetologia, análise do discurso, glotopolítica, etc.), mas também podem ser formuladas a partir de abordagens filológicas mais amplas (por exemplo, media e comunicação, literatura) ou de disciplinas vizinhas que possam contribuir para o tema do painel. Para referência, são propostas as seguintes entradas.

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18. A Educação num mundo interconectado: experiências de libertação do Sul global

Em vários contextos africanos, os processos de descolonização abriram caminho para transformar a educação num instrumento de emancipação. Este painel, dedicado a narrativas de Histórias da Educação no Sul global tem um duplo objetivo: reunir experiências de educação em contextos classificados, muitas vezes, como periféricos, olhando para o contexto africano, desconstruindo essa noção de subalternidade, contribuindo desta forma para reforçar uma perspetiva comparativa, e criar uma rede de investigação alargada, indo além da visão hegemónica do mundo euro-ocidental. O painel procura igualmente colocar em debate resultados de pesquisa local, regional, nacional e transnacional, com o objetivo de realçar a interligação das histórias da educação no mundo contemporâneo. Assim sendo, o painel tem como objetivo alargar a análise dos percursos de educação, indo além de uma compreensão simplificada do colonialismo, do estado-nação e das respostas das comunidades locais, instituições e indivíduos. O painel está estruturado em torno de 4 objetivos: 1) Reflexões históricas, procurando analisar os discursos e as políticas coloniais e nacionais em matéria de educação, trazendo exemplos do terreno; 2) Encontros com a educação, com enfoque nas transferências interculturais no contexto da educação colonial formal e informal; 3) Educação e Resistências, centrando-se no estudo do ensino para os africanos e as experiências de resistência educativa; e 4) O papel da educação e das formas de expressão das mulheres, com especial atenção para as narrativas, a língua e a literatura, que marcam a história da educação das mulheres nos contextos africanos.
Painel aberto a comunicações em português e castelhano.

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19. As Continuidades Coloniais na Justiça, nos Estudos Criminológicos e no Direito em África: Olhares Cruzados.

No contexto colonial africano, o Direito e o Estado modernos europeus foram instrumentos usados para impor ao escravizado e ao colonizado um monismo jurídico e político que visa o encobrimento e a subalternização da pluralidade de ordens jurídicas, políticas, culturais, religiosas e económicas, que eles transportaram para as ilhas. Estando na base da sociedade escravocrata, esse Direito e Estado hegemónicos, por um lado, contribuíram para o afastamento do contato com outras formas de organização jurídica e política do continente e, por outro lado, à resistência e recriação da herança afro-negra em formas sub-reptícias de gestão e resolução de conflitos político-jurídicos nas localidades. Este painel pretende analisar e desafiar as continuidades coloniais e eurocêntricas no Direito e na Justiça africanas a seguir à independência num contexto marcado por inúmeros desafios à segurança, bem como discutir propostas jurídicas, sociais e políticas alternativas baseadas em trabalhos com sustentação teórica e/ou empírica. Para além de abordagem contra-colonial e da contra-colonialidade, apresentam-se visões jurídicas, sociológicas, antropológicas e criminológicas que repensem as abordagens e metodologias tradicionais de modo a se poder ampliar o horizonte das constelações jurídicas e políticas, quais sejam nos campos da justiça comunitária, justiça colaborativa, justiça restaurativa e de outras latitudes não reconhecidas da pluralidade jurídica e política africana.

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20. A autocrítica da decolonialidade: desafios, limitações e perspectivas

Nossa proposta de painel para o XII Congresso Ibérico de Estudos Africanos busca fomentar uma discussão construtiva sobre as complexificações do conceito de decolonialidade, em especial o seu uso histórico, suas implicações pragmáticas e a avaliação retrospectiva dos resultados da sua aplicação em âmbito acadêmico nos anos mais recentes. Já nos escritos de Frantz Fanon durante a década de 1950, nota-se a recorrência de uma postura reticente frente à ideia de “decolonialidade”, naquele momento fundada sob o argumento de que a descolonização deveria ser um processo longo e gradual, em contra-proposta à demanda das lutas de independência – especialmente às lutas armadas – que exigiam uma quebra absoluta e imediata das relações coloniais. De lá para cá, o conceito de decolonialidade conseguiu bastante tração dentro dos ambientes acadêmicos, sobretudo após a Conferência de Durban e subsequente homologação da Década do Afrodescendente da ONU. Este painel reúne pesquisador@s que têm se empenhado sobre as questões da decolonialidade para debaterem de forma construtiva e autocrítica acerca dos desafios enfrentados até aqui, as vitórias, as limitações e os prospectos daqui em diante.

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21. Nomeação e lutas pela identidade nos feminismos africanos

Recorrendo à análise documental e à observação, este estudo pretende evidenciar o contributo das vozes feministas africanas na construção do conhecimento e das experiências do feminismo africano, em contraste com o feminismo ocidental global. O feminismo é um conceito que suscita desconfiança na maioria das culturas africanas, pois é visto como evocando ódio contra os homens e, consequentemente, como sendo contra a maternidade e outros valores relacionados com a família. No entanto, a experiência mostra que as feministas e os ideais feministas existiam em contextos africanos mesmo antes do surgimento do feminismo ocidental. Além disso, as mulheres politicamente activas deixaram a sua marca em toda a história de África, desde o período pré-colonial até às lutas anticoloniais, aos movimentos de independência e à expansão do pan-africanismo. Por um lado, o estudo argumenta que a ideologia feminista no contexto africano está por vezes sujeita a mal-entendidos contenciosos e pobres. Por outro lado, o estudo estabelece que os feminismos existem em África e reflectem a diversidade dos contextos africanos. O estudo mostra que, nas eras pós-colonial e descolonial africanas, os feminismos em África enfrentam desafios que se enraízam em contextos locais e globais. Por esta razão, os feminismos africanos não são construídos no vácuo; em vez disso, estão inseridos noutros feminismos existentes em todo o mundo, incluindo o feminismo ocidental, os feminismos negros e do Sul, os feminismos pan-africanos e os feminismos populares. Em conclusão, o estudo sublinha que os feminismos em África podem ser comparados com o feminismo ocidental, mas não devem ser avaliados apenas através da sua lente. Conceitos-chave: Feminismos africanos, feminismo negro, identidade, feminismo popular, feminismo ocidental

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22. Sons, Poder e Conhecimentos africanos. Potencialidades, desafios e possibilidades descoloniais dos arquivos históricos sonoros sobre África.

Neste painel discutimos arquivos sonoros africanos produzidos no âmbito de várias expedições/missões científico-culturais a territórios rurais de África ocorridas durante a ocupação colonial europeia e no período a seguir às independências africanas. Considerando que estes arquivos sonoros ainda são sobejamente desconhecidos pela academia e pelo público mais vasto e, acima de tudo, pelas nações africanas e comunidades que foram alvo destas iniciativas, pretendemos visibilizar e compreender estes arquivos e conhecimentos que foram produzidos sobre África. Abordando estes arquivos enquanto práticas sociais e políticas, que histórias estes acervos revelam, escondem ou omitem? Como conhecer e entender estes arquivos a partir de África?
Privilegiando abordagens interdisciplinares entre a antropologia, a etnomusicologia, a história e os estudos pós-coloniais/descoloniais, apelamos a intervenções que discutam criticamente estes arquivos sonoros a partir de diferentes experiências e contextos. Por exemplo: pensar nos dilemas e desafios que a investigação nestes arquivos coloca; estudar a proveniência destas coleções e arquivos; compreender práticas de opressão colonial e violências, processos de agency e resistências africanas; indagar sobre os legados coloniais, continuidades e descontinuidades; demonstrar a importância de metodologias participativas e colaborativas com as comunidades africanas ex-colonizadas, ou com os seus descendentes e representantes; interpretar processos e políticas de preservação e patrimonialização das culturas expressivas africanas, e sua relação com identidades nacionais, étnicas e culturais; refletir sobre as possibilidades de descolonização dos arquivos históricos sonoros e sobre processos de reparação histórica.

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23. LITANIA DE VIDA: ESTÉTICA DA MORTE, REAL E SIMBÓLICA, NA LITERATURA MOÇAMBICANA

O tema da morte é exaustivamente trabalhado e discutido por inúmeros filósofos e poetas de todas as nações e de todos os tempos; no entanto, os poetas africanos de língua oficial portuguesa também nos despertam a reflexão de que – do silêncio que as palavras erguem no patrimônio do ser, como litania que ausculta os instintos, ao minerar da vida, resta a palavra na viagem inexorável do fim? Da dinâmica interna, real ou simbólica da morte, os poetas calafetam os vazios, os instintos da perda, a ausência que se presentifica em poética dilucidada e recuperada como magna da (re)existência do humano. Na litania da morte, na musicalidade dos instintos, no canto fúnebre das exéquias, nas elegias da memória do humano, o êxtase decanta a “secreta viagem/ duma ave imaginária/ em busca do instante/ onde tudo recomeça”, (Artur, apud Saúte, 2004, p. 553): a morte, como tentativa de resposta à pergunta inicial. Os poetas lavram o verbo no tempo e no espaço da sensibilidade, “porque as armas a fizeram precoce e não natural, afastando-a da concepção africana de mundo, segundo a qual os mortos ingressam em um outro estágio” (Secco, apud Dopcke, 1998, p. 219). Neste painel, aceitamos propostas que discutam não só a concepção africana de morte entendida como passagem para outra dimensão existencial, mas também a “metáfora da morte” real e simbólica no espaço/tempo, na partitura/canto, no texto/contexto moçambicano que afirmam: “A morte/Um jogo, uma pausa, nota. Violência/Tão sensual quanto a vida” (Lemos, 2009, p. 214).
Palavras-chave: literatura; Moçambique;

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24. Traçando a Ruína: Métodos de investigação para lidar com os vestígios de histórias ambientais e políticas

Este painel procura explorar a prevalência de ruínas no continente africano, destacando o seu significado como repositórios de narrativas históricas e de mudanças ambientais. Propõe uma mudança de perspetiva no sentido de considerar as ruínas não apenas como estruturas feitas pelo homem, mas também como vestígios de intervenções antropocêntricas, incluindo alterações ambientais. O painel defende um repensar metodológico assente em perspectivas interdisciplinares, realçando a interconexão entre os seres humanos e os seus ambientes. Apela a metodologias criativas que revelem camadas ocultas da história e reimaginem as relações entre o homem e a natureza no meio dos desafios ambientais. Partindo do conceito de “rastreio”, o painel encoraja o envolvimento ativo com o ambiente presente; solo, terra, água, ar e outros materiais, e a sua comunicação de narrativas políticas. Exemplos de métodos de investigação inovadores, como gravações de som hidrofónico e reconstruções tridimensionais baseadas em histórias e memórias orais, sublinham a importância de expandir a investigação para além da visão. Ao apresentar abordagens criativas para investigar as sequelas de projectos políticos em África, o painel pretende contribuir para uma compreensão holística da tapeçaria da paisagem histórica do continente. O painel convida a contribuições que explorem o rico património histórico de África e as complexidades da sua dinâmica socioambiental, mergulhando em camadas negligenciadas de ruínas e examinando as intrincadas relações entre os seres humanos e o seu ambiente. Ao revelar estes aspectos negligenciados, pretendemos fornecer uma plataforma para uma discussão alargada sobre o passado e o presente de África, realçando a interligação entre as intervenções passadas e os ambientes que estas habitam.

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25 Lições e questões da investigação sócio-antropológica sobre Doenças Tropicais Negligenciadas em África: Tecer pontes para uma Saúde Global mais equitativa.

A Saúde Global de hoje tende a invisibilizar uma África multifacetada, com problemas específicos de saúde pública, mas também com capacidades para criar intervenções eficazes e contextualizadas. A descolonização da saúde global implica reconhecer e abordar estas desigualdades estruturais, bem como desafiar as narrativas dominantes que contribuem para a marginalização das populações afectadas pelas Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN). Neste painel, propomos repensar a abordagem à saúde global a partir da experiência de investigação sobre as DTN em África; tornar visível a resposta africana a estas doenças negligenciadas, questionar as dicotomias e hierarquias do conhecimento e tentar identificar e abordar as narrativas e práticas que produzem e reproduzem desequilíbrios na agenda de investigação global. O que é que temos de considerar para fazer investigação relevante para as políticas de saúde pública, contextualmente adequada e culturalmente sensível? Como podemos avançar para uma Saúde Global mais equitativa?

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26. MIGRAÇÃO: SECURITIZAÇÃO E NECROPOLÍTICA

Estamos atualmente num período denominado “a era da migração” devido ao grande fluxo de deslocações humanas a nível nacional, regional e internacional. No caso do continente africano, tem-se caracterizado por um grande dinamismo dos fluxos migratórios intracontinentais, ultrapassando em número as deslocações para outros continentes. No entanto, a configuração do Espaço Schengen na Europa trouxe consigo restrições significativas ao acesso de estrangeiros não comunitários, impedindo especialmente a entrada de africanos. A mobilização de meios para reduzir as chegadas pelo Mediterrâneo ao Sul de Espanha levou à consolidação da Rota Atlântica como via de acesso ao território europeu, tornando as Ilhas Canárias a principal porta de entrada no Norte desde 2006. Desde então, o governo central tem abordado os episódios de aumento dos fluxos migratórios numa perspetiva de segurança, transferindo a questão da migração para a agenda da segurança e facilitando a aplicação de medidas excepcionais. Para além dos estudos de caso do continente africano, interessa-nos investigar em que medida a teoria da securitização desenvolvida pela Escola de Copenhaga pode ser uma ferramenta analítica adequada para o estudo das políticas migratórias concebidas em relação ao continente africano, reflectindo sobre se a teoria da securitização pode dialogar com o conceito de necropolítica proposto por Achille Mbembe para explicar as novas formas de política que constituem a organização da morte.

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27. Vozes e Visões: Explorar lugares pós-coloniais através da co-criação audiovisual participativa

Para responder ao desafio da descolonização da investigação em ciências sociais, os académicos têm-se voltado para aplicações criativas do audiovisual participativo em vários contextos africanos. Procurando identificar “novas rotas empáticas através das quais mediar o conhecimento quotidiano” (Pink 2011, 451), estes métodos podem ajudar a despertar memórias que, de outra forma, seriam nebulosas, ilustrando e comunicando este passado a um observador externo, ao mesmo tempo que se ligam ao imediatismo da experiência humana de uma forma afectiva e, muitas vezes, não verbal. Os domínios do som e da imagem podem permitir ao investigador e aos participantes evocar vários sentidos, significados, experiências e emoções. Estes métodos tornaram-se um estímulo importante para estimular as histórias das pessoas e as perspectivas indígenas. Utilizados de forma responsável, podem ajudar os participantes a assumir o controlo das suas narrativas: exprimindo prioridades através do seu próprio olhar e utilizando a sua própria voz. Muitas vezes, o processo de coprodução não é menos importante e edificante do que os produtos finais, tanto para as comunidades (por exemplo, aperfeiçoando competências e abrindo novas vias de co-criação) como para o investigador (por exemplo, informando-o sobre as dinâmicas e prioridades do poder social). Este painel explora a intersecção entre métodos qualitativos audiovisuais, abordagens de investigação participativa e o estudo do tangível e do intangível na África pós-colonial. Os apresentadores são convidados a partilhar as suas experiências – independentemente da disciplina – empregando métodos criativos estabelecidos e exploratórios: fotografia e videografia participativas, antropologia gráfica e mapeamento mental, audio walks e outros métodos audiovisuais orientados para o movimento, entre outros. Incentivamos os debates sobre considerações práticas, por exemplo, equipamento, seleção de participantes, sessões de formação, dilemas éticos e efeitos em cascata da coprodução.

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28 Novas perspectivas historiográficas sobre o espaço medieval saariano: dinâmicas humanas e intercâmbios religiosos e intelectuais intra-africanos e intra-islâmicos até ao século XV. XI/XVII

Este painel levanta uma série de questões sobre os processos de intercâmbio trans-sahariano na época medieval, com particular interesse nos grupos humanos envolvidos e nas tradições religiosas e intelectuais em que estavam inseridos. O objetivo principal é identificar novas estratégias historiográficas para aprofundar o nosso conhecimento da génese da tradição islâmica no Sahel central e ocidental, ultrapassando os modelos construídos sobre a interpretação acrítica das provas textuais conhecidas e os apriorismos do africanismo colonial francês. Especificamente, este painel tem como objetivo rever a literatura biográfica e jurídica magrebina em busca de vestígios da presença no Norte de África de académicos muçulmanos de origem saheliana entre os séculos XV e XX. III/VIII e XI/XVII. Do mesmo modo, e na ausência de provas textuais sahelianas anteriores ao séc. XV, a tua obra é uma obra de arte. XI/XVII, este painel procura refletir sobre a oralidade como veículo de transmissão do conhecimento do Islão e da jurisprudência islâmica na África Ocidental, bem como sobre as causas da irrupção de uma cultura manuscrita muito abundante a partir dessa época. Para além disso, o painel propõe-se analisar os testemunhos materiais e as condições climatológicas em que se desenvolveu o povoamento das zonas saharianas, com o objetivo de compreender melhor as implicações dos diferentes processos de dessecação e de humidificação nos períodos tardo-antigo e medieval sobre as dinâmicas de intercâmbio dos grupos humanos que se instalaram ou se deslocaram de ambos os lados do Sara.

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29. As Ilhas Canárias perante o dilema descolonial: repensar a África a partir da sua complexidade

As universidades europeias e espanholas promovem cada vez mais a internacionalização como forma de responder aos desafios de um mundo cada vez mais globalizado (Fundação CYD, 2023). Entretanto, as ligações e conexões com as universidades africanas permanecem invisíveis ou carecem de apoio suficiente para a sua concretização. Isto deve-se à força com que certas lógicas coloniais ainda operam no continente, as quais, a par do extractivismo académico que opera nos discursos de abertura ao Ocidente e aos seus supostos benefícios, intensificam os mecanismos de controlo sobre os corpos e os conhecimentos não ocidentais. Como pensar o “dilema decolonial” neste contexto? Este painel pretende explorar esta questão, assumindo o lugar que o arquipélago das Canárias pode desempenhar para tornar visível a diversidade de formas de pensar, saber e fazer que podem ser englobadas na perspetiva descolonial. É por isso que convidamos aqueles que pensam, investigam e trabalham no tecido social canário – referimo-nos às pessoas nascidas nas ilhas e no continente africano – a partilhar a sua visão crítica sobre o funcionamento das suas instituições, associações culturais e colectivos políticos. Convidamos todas estas pessoas a apresentar trabalhos académicos, literários, performativos, audiovisuais, etc., que tentem dar respostas que não escapem ao dilema decolonial que atravessa a realidade das Canárias; respostas que enfrentem a complexidade que descreve a sua localização africana, bem como a sua capacidade de gerar transformações, aprendizagens e experiências que nos ajudem a imaginar outro mundo possível.

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30. Literaturas afro-descendentes e afro-migratórias na Península Ibérica

Este painel propõe uma exploração das ligações e imaginários relacionados com o continente africano nos séculos XX e XXI por parte de afrodescendentes e africanos da Península Ibérica. No caso da literatura e de outras artes, as elaborações em torno da história, da memória e da imaginação são cruciais. Com esta proposta, convidamos a uma reflexão crítica sobre os termos em circulação, a estudos de caso na esfera portuguesa ou espanhola, bem como a perspectivas comparativas na literatura e nas artes.

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31 (Re)thinking the Rif and Morocco: Critical Approaches to Plural Forms of Being and Being-in-the-World in the Contemporary World.

Este painel abordará, a partir de perspectivas teóricas e epistemológicas críticas do campo das Ciências Sociais e Humanas, as práticas sociais e políticas que dizem respeito às formas plurais de ser e estar em Marrocos, com especial atenção (mas não só) aos acontecimentos do passado recente e do presente no território do Rif. Estamos particularmente interessados em propostas que reflictam perspectivas de trabalho inovadoras que vão para além das abordagens coloniais e pós-coloniais hegemónicas, e propostas que proponham revisões críticas e revisitações do que tem sido investigado e sustentado até à data. Os trabalhos podem pertencer aos domínios (entre outros) dos estudos feministas e de género, dos estudos sobre o colonialismo e a descolonialidade, dos estudos sobre a diversidade linguística, dos estudos sobre as relações humanas/não-humanas…

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32. A violência em África: do sistema colonial ao mundo pós-colonial.

Este painel procurará explorar as continuidades e rupturas entre a violência colonial e pós-colonial. Explorará os motivos da violência, os autores, as vítimas e os métodos de repressão, para descobrir os fios que ligam os dois fenómenos e para discernir em que medida um deriva do outro (ou se, pelo contrário, são formas de violência opostas e não relacionadas).

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33. Um olhar crítico sobre o fenómeno da guerra e da paz na África Subsariana

O painel procura analisar o fenómeno da guerra e da paz na região da África Subsariana nas últimas décadas, reflectindo, por um lado, sobre os instrumentos teórico-analíticos mais adequados para compreender as causas, a natureza, as consequências e os impactos dos conflitos armados num país (ou região) da África Subsariana e, por outro, como analisar criticamente as diferentes políticas e actividades que, a nível local, nacional, continental e global, estão a ser desenvolvidas para “fazer a paz” e responder a este fenómeno. Especificamente, procuramos, entre outros, estudos de caso que introduzam novas reflexões sobre aspectos pouco estudados de um cenário (e/ou episódio) de conflito armado e/ou da(s) agenda(s) de construção da paz, tais como, entre muitos outros: o papel do conflito de capitais contra o tecido da vida, a dimensão de género da guerra ou da paz, os desafios para a consecução de uma paz justa, ecofeminista e sustentável, os conhecimentos e práticas indígenas de construção da paz, etc. São também bem-vindos trabalhos que se centrem em abordagens críticas (feministas, descoloniais, etc.) aos debates teóricos actuais em torno dos conflitos armados em África, às mudanças actuais na agenda global da paz, ou às controvérsias académicas em torno dos modelos de paz prevalecentes ou das diferentes soluções propostas para construir a paz.

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34. O Papel da Oposição Política no Contexto da Regressão Democrática em África

O principal objetivo deste painel é compreender e analisar os actores políticos da oposição nos países africanos no contexto da deriva autocrática que afecta o continente e as sociedades a nível mundial. Reconhecendo a considerável variação no grau de institucionalização dos partidos da oposição, o seu nível de implantação local e/ou nacional e a diversidade de agendas e ideologias que mobilizam, e com base na premissa de que o estudo das oposições políticas é essencial para os estudos dos sistemas políticos, das democracias e das dinâmicas de poder, o Painel coloca, entre outras, as seguintes questões, aplicadas ao continente africano: como é que a dissidência é expressa e as agendas anti-governamentais são mobilizadas no atual contexto de regressão democrática? Que espaços estão disponíveis para a ação de oposição? Como actuam os partidos da oposição? Que agendas para a democracia e a democratização são propostas? Como é que se relacionam com os cidadãos, os movimentos de protesto político ou o ativismo político que não fazem parte dos partidos políticos? Que novidades e continuidades trazem fenómenos como o PASTEF no Senegal e que implicações tem para a realidade democrática dos países africanos? Com base nestas questões, o painel pretende explicar as estratégias de mobilização, ação e proposta dos partidos políticos da oposição e mapear a interação entre os partidos da oposição e os cidadãos e o ativismo político. O painel procura assim contribuir para colmatar algumas das lacunas existentes.

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35. ÁFRICA, RELAÇÕES AFRODIASPORICAS E DESAFIOS ATLÂNTICOS: cartografias da descolonização, género e geopolítica do conhecimento.

Este painel reflecte sobre a materialização cultural da desigualdade colonial em África e no espaço atlântico, que se apresenta como testemunha de uma história partilhada entre as suas margens, uma história de migrações, de idas e vindas ao longo dos séculos XVII a XXI. Procuramos analisar a forma como os conceitos e as categorias que utilizamos são atravessados por múltiplos debates e narrativas dominantes que, por sua vez, estão inseridos em espaços de legitimação. Neste sentido, propomos aprofundar a aprendizagem transformadora a partir de uma abordagem decolonial, com especial atenção às questões de género, procurando abordagens às várias formas em que se manifestam hoje, tentando articular a perspetiva decolonial com a ecologia, a violência, os debates interespécies, a religiosidade, a espiritualidade, a identidade e a geopolítica do conhecimento hegemónico.

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36. As construções identitárias no Sahara Ocidental e o papel dos espanhóis

Há décadas que o Sara Ocidental é palco de um conflito territorial complexo, profundamente enraizado na história da colonização e da formação da identidade pós-colonial. Este painel analisará a construção da identidade saharaui, com especial atenção para o papel da língua espanhola. A base teórica é fornecida por “O Poder da Identidade” de Manuel Castells, que esclarece a natureza dinâmica da identidade numa sociedade em rede.

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42. A ilha de Annobon e os Annoboneses – um mundo à parte

A ilha de Annobón, uma pequena terra perdida no meio do Golfo da Guiné, tem uma história original e muito rica: a sua população, de origens e estatutos diversos, conheceu a escravatura e a colonização portuguesa no século XVI, mas também desde o início do século XVIII. século XX, a descolonização e a abolição da escravatura.

Este povo unido lutará pela sua liberdade, desenvolvendo diferentes estratégias até ao final do século XIX. Nesta época, os Annobonais sofreram várias secas e fomes que os enfraqueceram consideravelmente. Os missionários espanhóis, os Claretianos, vieram abrir uma missão na aldeia principal da ilha. Através da sua presença e das suas acções, permitem-nos reconhecer a colonização espanhola deste território. Embora os ilhéus já não sejam oficialmente escravizados, alguns continuam a ser sujeitos a trabalhos forçados e têm de ser exilados da sua terra natal. No entanto, continuaram a resistir sempre que foram sujeitos a abusos de poder por parte do governo colonial e dos missionários.

Sabem exprimir o seu amor pela sua ilha e pela sua cultura através das palavras. Os seus testemunhos escritos e orais são ricos e numerosos. Este património literário é cada vez mais valorizado graças a várias edições de contos, lendas, colecções de recordações antigas, bem como a outras iniciativas tomadas pelos próprios habitantes. Para não falar dos escritores cuja fama não parou na fronteira da Guiné Equatorial. É o caso de Juan Tomás Ávila Laurel.

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Transformações económicas estruturais em África: porquê, como e quando?

Este painel propõe um debate sobre o papel das transformações estruturais em África, a sua viabilidade, processos e actores. Coloca a questão de saber se são desejáveis, dada a configuração do capitalismo global e, em caso afirmativo, quais as direcções e formas mais promissoras. Este painel propõe trabalhos que documentam diversas formas de transformação económica estrutural, como a industrialização (verde ou não), a expansão dos serviços formais ou informais ou as transformações do modelo produtivo agrário, entre outras.

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44. ÁFRICA E DIÁSPORA NO ATLÂNTICO SUL: ESCRAVIDÃO, EMANCIPAÇÃO E PÓS-ABOLIÇÃO (SÉCULOS XVIII-XX)

O presente painel convida pesquisadores(as) com interesse no debate sobre os recentes estudos acerca da escravização africana no Império Português, em particular na África e no Atlântico Sul. Serão bem-vindos trabalhos cujos cernes sejam as experiências, perspectivas, projetos e expectativas de mulheres e homens africanos e de seus descendentes, e das diferentes redes sociais construídas entre estes e seus senhores, ex-senhores, escravizados, libertos, livres, negros, mestiços e brancos em suas diversas estratégias de reorganização nas sociedades escravistas e do pós-abolição no Império Português, entre os séculos XVIII e XX. Nesse sentido, são de estimada valia temáticas em torno de: identidades etnicidades e transétnicas, trabalhos livre e compulsório, resistência escrava, alforria, família negra, relações de compadrio, práticas religiosas, sistematizações culturais em perspectivas coloniais e pós-coloniais. As novas concepções metodológicas, sobretudo, aquelas orientadas pelas ferramentas da microanálise, que privilegiam os arranjos cotidianos dos “anônimos”, contribuíram de maneira significativa com a renovação dos estudos sobre tráfico e escravidão africana. Vale ressaltar que, desde as décadas de 1970-80 que os temas vinculados ao cotidiano e as formas de reorganização social de africanos(as) e de seus descendentes, tornaram-se objeto de pesquisas dos historiadores da escravidão e da pós-emancipação (COOPER, HOLT, SCOTT, 2005). Todavia, ainda é parco o conhecimento sobre as experiências das pessoas de origem africana e de seus descendentes, no Mundo Atlântico, em particular no Império Português.

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45. A Diáspora Africana e Suas Margens: ancestralidade, cultura e religiosidade no Brasil

A proposta do painel é discutir como se construiu, no Brasil, uma rede de expressões religiosas a partir do tráfico de negros oriundos de países africanos submetidos a trágicos séculos de escravização que marcaram a história do Brasil. A diáspora possibilitou a mestiçagem de crenças e costumes bantos, haussás, iorubas e indígenas que originaram vertentes religiosas, tais como: Candomblé, Umbanda, Pajelança, Tambor de Mina, Ifá, Batuque, Jurema, Terecô, Xangô do nordeste e outras. Tais mesclas resultam na incorporação de vários elementos das tradições religiosas africanas com práticas indígena, além da influência do catolicismo e do islamismo. Importante entender que esse processo de mestiçagem não implica na simples sobreposição de culturas, mas sim na criação de novas práticas, crenças e expressões culturais que para além de refletir a diversidade e a criatividade resultantes do engendramento e da resistência entre diferentes povos, implica sua compreensão com o culto à natureza e com a comunhão de diversas entidades que habitam estes lugares, tais como ancestrais originários, inkisses, voduns, orixás, encantados, ancestrais divinos de uma tradição religiosa que se funda a partir da diáspora. As identidades étnicas forjadas no Brasil se tornarão nações de Candomblé, perpassando a ideia de Cidade-nação dentro dos terreiros, moldando alianças entre povos, preservando e atualizando ritos de identidade. Assim, nação para além de diferenciar modos e estilos rituais, indica sobretudo, povos de origem que no Brasil se perpetuaram. Nesta mestiçagem, ressalta-se contudo, o caráter brasileiro – e, com isso, afro-ameríndio – próprio da religiosidade afro-brasileira.

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46. Afro-descendência, género e gestos estéticos e rituais

O painel propõe-se analisar as estéticas e as religiosidades afro-descendentes em lugares diaspóricos. Pretende analisar sínteses entre diferentes quadros culturais e reinvenções de memórias africanas no contexto da transculturação (Ortiz 1991). Em particular, procuram-se contribuições sobre as práticas religiosas e estéticas das mulheres e os discursos que valorizam a afrodescendência. A partir desta perspetiva de género, somos convidados a debruçar-nos sobre as múltiplas dinâmicas que, na globalização, representam redes de solidariedades transnacionais (Capone, Argyriadis 2011) ligadas à ideia de África e, ao mesmo tempo, constituem práticas criativas locais que se opõem ao domínio da componente ocidental na forma de pensar e viver a noção de descolonização (Gilroy 1993). Em particular, é convidado a abordar a transmissão da memória afro-descendente através de gestos quotidianos, estéticas ou rituais partilhados que representam práticas concretas de pertença e descolonização (Zapponi 2023) e sugerem formas transnacionais de coesão social.

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47. Contra-narrativas africanas ao dilema da herança (pós-)colonial

Um discurso hegemónico que privilegia os padrões ocidentais, centrando-se no artístico e no histórico, no monumental e no tangível, aquilo a que Laurajane Smith (2006) chama o ‘discurso autoritário do património’, continua a prevalecer nas práticas e políticas patrimoniais actuais. Este discurso é insuficiente para abordar o reconhecimento patrimonial dos bens culturais cuja genealogia está ligada aos processos de ocupação colonial europeia em África. Em particular, porque este património comporta a complexidade de ser percebido pelas populações locais como externo e pertencente “aos outros” e dificilmente assumido como um património endógeno a conservar e preservar. Esta sessão pretende discutir novas abordagens ao reconhecimento do património cultural (pós-)colonial africano. Para tal, colocam-se duas questões fundamentais: o que é ou o que significa este património e a quem pertence? O objetivo é revelar alternativas descoloniais ao “discurso autoritário sobre o património” através de valores e narrativas específicas do contexto sociocultural africano e centrando-se em novos actores, epistemologias, narrativas e fenomenologias. Neste contexto, a sessão discutirá novas abordagens conceptuais e metodológicas para o estudo do património cultural (pós-)colonial na África Subsariana, o papel deste legado para o desenvolvimento sustentável do continente africano, os seus significados renovados para as populações locais e as suas experiências quotidianas, e a forma de o apresentar e preservar nas comunidades e instituições culturais.

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48. Políticas linguísticas em África: práticas e questões

A história, a construção dos Estados-nação e a globalização, bem como as novas tecnologias e a geopolítica, alteraram a paisagem (socio)linguística dos países africanos. Confrontados com o desafio do multilinguismo, os governos adoptaram medidas de política linguística. A política linguística é um conjunto de medidas adoptadas por um Estado em relação a uma ou mais línguas faladas no território sob a sua soberania, com o objetivo de modificar o seu corpus ou estatuto, geralmente para apoiar a sua utilização e, por vezes, para limitar a sua expansão. Pode tratar-se de desenvolver o corpus de uma língua, normalizando a ortografia e o léxico ou incentivando a criação de terminologia. Também pode ser resumido como a alteração do estatuto de uma língua, declarando-a oficial. Por último, a política linguística pode recriar uma língua cujo uso se perdeu. No entanto, há que distinguir entre as línguas efetivamente faladas num país e a gestão oficial dessas línguas. Para os governos africanos, a resolução da questão linguística é crucial para a implementação das políticas nacionais e de desenvolvimento. Em que língua(s) deve ser ministrada a educação, a administração ou a justiça? Que línguas devem ser utilizadas nas trocas económicas e nas relações internacionais, ou na ciência e na tecnologia? Este painel tem como objetivo analisar as situações sociolinguísticas dos países africanos. Examina também a coexistência e a utilização das línguas. Estuda também as práticas linguísticas, as ideologias e as representações linguísticas.

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49. Desafios históricos e contemporâneos à justiça social em África

O objetivo do painel é reunir jovens investigadores sobre África para debater e refletir sobre os desafios históricos e as oportunidades actuais no continente africano nos domínios dos direitos humanos, das ciências sociais e da história. O painel foi concebido para explorar e analisar a complexidade das realidades africanas, bem como para promover o diálogo e a colaboração interdisciplinar, a fim de abordar os desafios que o continente enfrenta e propor soluções concretas. Ao fazê-lo, queremos servir de enquadramento para a discussão de questões relevantes no contexto africano, especialmente em relação à justiça social, incluindo a perspetiva histórica para compreender o seu desenvolvimento e situação atual. Entre os temas propostos contam-se os direitos humanos, os direitos laborais, a participação dos cidadãos, o discurso de ódio, os activistas, os líderes comunitários, os representantes dos governos e das organizações internacionais, entre outros.

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50: Conhecimento local, desenvolvimento sustentável e descolonialismo. Perspectivas e equilíbrios africanos: saúde, governação, equidade de género…

O painel propõe-se fazer um balanço da confluência entre a utilização dos saberes locais nas políticas de desenvolvimento sustentável em África – muito escassos apesar das declarações institucionais – por um lado, e a utilização desses saberes locais no movimento descolonial – muito visível – por outro. E propõe-se a fazê-lo, olhando para o futuro através de estudos contrastados sobre casos concretos: multissectoriais (saúde, governação, igualdade de género, ecologia e alterações climáticas, economia popular…) e multidisciplinares (abertos a todas as ciências, embora a antropologia seja a que pode ser mais imediatamente aludida). OBJECTIVO: gerar sinergias e pistas para novos roteiros sobre o papel futuro do conhecimento local em África, assumindo a multidimensionalidade do conceito.

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51. LÍNGUAS AFRICANAS E AFRODESCENDENTES: DILEMAS E RESPOSTAS NO CAMINHO DA DECOLONIALIDADE

Este painel pretende reunir estudos de línguas africanas e línguas afrodescendentes situados no atual e efervescente cenário da decolonialidade. Nesse contexto, espera-se fomentar o encontro, conhecimento e debate entre estudos de línguas africanas continentais e insulares, bem como estudos de línguas afrodescendentes, línguas crioulas e semicrioulas, espalhadas por países da África e da América Latina que possuam vínculos sócio-históricos com países da Península Ibérica, em especial, Portugal, Espanha e França. O objetivo é dar a conhecer as feições e o perfil manifesto da decolonialidade nesses estudos: os dilemas, debates, diálogos, propostas e respostas que emergem dos questionamentos, descobertas, propostas e aplicações teóricas oriundas das áreas das humanidades, como a Linguística, a Literatura, a Educação e a Antropologia.

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52. Dinâmicas Geopolíticas em África

O continente africano está no foco geopolítico, sendo destacada a ativa competição entre os grandes poderes, mas onde age igualmente uma diversidade de atores estatais e não-estatais, locais e externos. O objetivo deste painel é reunir em debate comunicações sobre questões geopolíticas africanas atuais ou do passado, elucidando a ação e objetivos dos seus atores geopolíticos, tendo como pano de fundo a relação entre geografia, política e poder.

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53. O poder e a capacitação das mulheres africanas em tempos descoloniais: desafios metodológicos e implicações experimentais.

Correndo o risco de simplificar um quadro muito complexo, mas a fim de estimular a otimização do contraste de casos, o painel propõe-se comparar e inter-relacionar as estratégias de empoderamento das mulheres africanas, geralmente em resposta a políticas estatais ou internacionais, com as formas locais de poder em que estas mulheres estão inseridas. Não se trata de uma questão de escolha, evidentemente, mas de compreender a natureza e a solidez das decisões e as linhas de força em que se baseiam. Este contraste pode ou não ser explicitado, mas é difícil não o perceber em situações de investigação ou de cooperação em torno do eixo do género. E a reação a esta multiplicidade envolve desafios metodológicos, dilemas éticos e, muitas vezes, ambivalências, cuja partilha o painel pretende incentivar. Tanto para refinar as interpretações científicas (sabendo que estamos a trabalhar com muitos dados qualitativos), como para desvendar as implicações políticas da investigação (a necessidade de reconhecimento político dos sujeitos colectivos de direitos, com as implicações da introdução da diversidade na linha de água da abordagem dos direitos).

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54. África, entre o declínio e o progresso

Criado com o objetivo de unir as metodologias das disciplinas epistemológicas e hermenêuticas, para que, do ponto de vista da exigência das suas regras ou normas relevantes, qualquer investigador autónomo e independente possa interrogar a realidade africana. Se a primeira, no seu desenvolvimento, poderia ser considerada como uma espécie de filosofia da ciência ou das ciências, a segunda, conservando o seu sentido etimológico primário de “hermeneia”, tal como o cunhou o célebre estagirita, traz-nos a melhor interpretação dos seus objectos. Quando se trata do continente africano, como de todos os outros continentes, é necessário evitar a pressa, a antecipação ou o preconceito, a superficialidade, para descermos, como arqueólogos, às profundezas das suas características essenciais.

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55. Casamança: memórias, poderes, tensões e iniciativas locais no novo contexto senegalês

Após as últimas eleições de março de 2024, todos os olhos estão postos no novo contexto, tanto na região de Casamança em particular como no Senegal em geral. Nos últimos anos, e após os longos protestos contra a detenção do líder Ousman Sonko, as ideias do partido vencedor das eleições senegalesas impressionaram uma grande parte da população da Casamança, especialmente entre os jovens, despertando novas esperanças nesta região dinâmica que, apesar de um novo acordo de paz em 2022, continua à procura de uma paz definitiva. Este painel, na linha dos encontros sobre a Casamança noutros eventos académicos (como o que se realiza, por exemplo, no Iscte-IUL em Lisboa, em fevereiro de 2019), pretende reunir os vários projectos de investigação recentemente concluídos e em curso, bem como propostas de futuros projectos de investigação sobre a situação sociopolítica da Casamança, com a ideia de apresentar um estado da arte multidisciplinar sobre a área no mundo ibérico (desde a antropologia, história, geografia, relações internacionais, economia, etc.).

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56. Infraestruturas sobrecarregadas. Perspetivas comparativas sobre mobilidade urbana e deslocamento na África

A antropologia das infraestruturas e dos modelos de mobilidade mostra como os sistemas de transporte e as formas de deslocação urbana não são meras instalações, mas também o resultado de dinâmicas sociais e imaginários complexos, que lhes conferem significado e valor para além da sua funcionalidade técnica. Tudo isto no quadro do que se reconhece como o (novo) paradigma da mobilidade, que permite situar infraestruturas, instituições e planeamento específicos, e as relações materiais e sociais que implicam, ligando-os a diferentes áreas e escalas, sem descurar a forma como os planos, projetos, infraestruturas e equipamentos de mobilidade são muitas vezes sobrecarregados pelos usos, necessidades, dotações e alternativas imprevistas. Neste painel propomos aplicar esta perspetiva ao continente africano de forma a identificar e analisar vários processos que têm infraestruturas e modelos de mobilidade no centro. Queremos fazê-lo contrastando a dinâmica logística da implementação de novas mobilidades urbanas no Sul global a partir de vários casos de cidades africanas de diferentes dimensões e perfis. Pretendemos aplicar uma perspetiva que nos convida a analisá-los como múltiplos e diferentes processos de neoliberalização, sujeitos à complexidade das dinâmicas institucionais, políticas, econômicas, urbanas e de serviço público, tendo em conta sua complexidade e o modo como se concretizam nas formas cotidianas de deslocamento.

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57. Género e mobilidade urbana. Experiências no continente africano

As metrópoles, as cidades e os espaços públicos não são neutros, as pessoas vivem-nos, sentem-nos e apropriam-se deles de formas diferentes. Para compreender as cidades sob a perspetiva da complexidade, é necessário incorporar a perspetiva de gênero e diversidades quando se trata de compreender o cotidiano, o cuidado (Pérez, 2014), as relações de poder, a discriminação e as formas de resistência que surgem. A mobilidade urbana não está isenta destas dinâmicas. Tal como noutras áreas, a mobilidade quotidiana é uma área particularmente relevante quando se trata de compreender como se materializam as relações e formas de dominação que giram em torno do eixo do género. As mobilidades quotidianas das mulheres (Jirón, 2010) assumem formas específicas e muitas vezes não são tidas em conta no planeamento urbano e na governação, o que afeta o acesso das mulheres a determinados serviços urbanos e, por conseguinte, o exercício de direitos como a educação, a saúde, a participação política e cívica ou o trabalho. Um elemento-chave em relação à mobilidade é a perceção de insegurança (Soto, 2012) e a violência contra as mulheres nos espaços públicos e nos transportes. Apesar de tudo, as mulheres incorporam múltiplas estratégias de resistência.

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58. Passados Africanos para Futuros Globais: A Contribuição da Arqueologia para o Desafio Decolonial

A arqueologia africanista apresenta uma contradição em si mesma: é simultaneamente um produto do colonialismo e um instrumento fundamental para o seu desmantelamento epistemológico. Neste painel queremos explorar tanto os avanços que foram feitos nas últimas décadas na descolonização da própria arqueologia (e as suas limitações), como os múltiplos contributos que o estudo do passado africano, e a desconstrução do eurecentrismo histórico, podem dar para a nossa compreensão do mundo atual e das suas perspectivas futuras.

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59. Cibercolonização em África: capitalismo de dados e de plataformas

O termo “cibercolonização” descreve a forma como as grandes plataformas digitais e mediáticas estão a exercer um controlo significativo sobre os dados e a cultura em África. Este painel irá explorar o impacto da hegemonia de plataformas como a Alphabet (Google), Amazon, Meta (Facebook, Instagram) Apple, Microsoft, Netflix, HBO Facebook, Twitter, Netflix ou Disney na vida económica, social e cultural do continente. A concentração dos meios de comunicação social nas mãos de um pequeno número de empresas ocidentais constitui um desafio à diversidade cultural e à soberania digital africanas. À medida que estas plataformas digitais se expandem, estão a remodelar o acesso à informação, ao entretenimento e à comunicação. Embora ofereçam oportunidades de desenvolvimento económico e de inovação, também perpetuam uma dependência que pode limitar a capacidade de África para controlar o seu próprio destino digital. Este painel abordará a atual forma de capitalismo extractivista que são os dados.

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