Se o colonialismo histórico anexou territórios, os seus recursos e as agências que neles trabalhavam, a tomada de poder do colonialismo de dados é simultaneamente mais simples e mais profunda: a captura e o controlo da própria vida humana através da apropriação dos dados que dela podem ser extraídos para fins lucrativos. Estudar e refletir sobre este contexto é o que promove este painel, cujas questões (não delimitadoras) podem sugerir temas como os seguintes:
1) Como é que as plataformas digitais ocidentais estão a afetar a soberania digital em África?
– Quais são as implicações da concentração de dados nas mãos de empresas estrangeiras?
2) Qual é o impacto das plataformas de entretenimento como a Netflix, a Disney e a HBO na cultura africana?
– Como é que influenciam a produção e o consumo de conteúdos locais?
Como é que a dinâmica do poder económico está a mudar com o advento destas plataformas?
– Que sectores estão a beneficiar e quais estão a ser deslocados?
4) Que medidas podem os governos africanos tomar para proteger a privacidade dos dados e incentivar a criação de conteúdos locais?
– Que quadros regulamentares e políticas públicas são necessários?
5) Como podem as startups e as empresas tecnológicas africanas competir num mercado dominado por gigantes ocidentais?
– Que estratégias de colaboração e resistência podem ser eficazes?
Convidamos investigadores, profissionais e decisores políticos a apresentar os seus estudos e propostas sobre estas questões, equilibrando a exploração das oportunidades digitais com uma crítica do capitalismo de plataforma para preservar a autonomia e a diversidade cultural africanas.