31 (Re)thinking the Rif and Morocco: Critical Approaches to Plural Forms of Being and Being-in-the-World in the Contemporary World.

Araceli González Vázquez
Institución Milà i Fontanals de Investigación en Humanidades-CSIC
Asmaa Aouattah
Universitat de Barcelona

Tal como referido no resumo, este painel abordará, a partir de perspectivas teóricas e epistemológicas críticas do campo das Ciências Sociais e Humanas (estudos pós-coloniais e descoloniais, feminismos e estudos de género, a viragem ontológica, novos materialismos, estudos animais e outros), as práticas sociais e políticas que dizem respeito às formas plurais de ser e estar em Marrocos, com especial atenção (mas não só) aos acontecimentos do passado recente e do presente no território do Rif. Estamos particularmente interessados em propostas que reflictam perspectivas de trabalho inovadoras que vão para além das abordagens coloniais e pós-coloniais hegemónicas, e propostas que proponham revisões críticas e revisitações do que tem sido investigado e sustentado até à data.
O nosso painel pretende tornar visível a investigação crítica que está atualmente a ser feita e que explora, a partir das Ciências Sociais e das Humanidades (incluindo as Humanidades Digitais), formas de ser e estar no mundo que têm sido invisíveis até à data: vidas humanas e não-humanas subalternizadas e marginalizadas; identidades humanas (re)emergentes; identidades religiosas, políticas, linguísticas, de género e quaisquer outras; seres e entes relacionados com a migração e a transnacionalidade; passados e presentes de minorias em situações diaspóricas; a agência de colectivos na situação diaspórica; a agência de grupos de pessoas na situação diaspórica: religiosos, políticos, linguísticos, de género e quaisquer outros; seres e entes relacionados com a migração e a transnacionalidade; passados e presentes de minorias em situações diaspóricas; agência de colectivos que intensificam a sua expressão política no mundo contemporâneo; relações de género e relações entre humanos e não-humanos…
Neste sentido, estamos interessados em a) obras que exploram as formas de agência daqueles que querem romper com os binarismos e essencialismos hegemónicos; e b) as formas de resistência individual e colectiva que se articulam em Marrocos e no Rif. De um modo geral, o painel pretende ser um espaço de diálogo para aprofundar o estudo das relações intersubjectivas, inter-colectivas e inter-espécies no Rif e em Marrocos, e um espaço produtivo de debate plural para partilhar livremente novas perspectivas teóricas e metodológicas de investigação social e histórica.
Nas últimas décadas, os estudos pós-coloniais, descoloniais e feministas sobre as relações interpessoais e intercolectivas no Rif e em Marrocos têm sublinhado a urgência de uma reflexão crítica sobre a construção de objectos de estudo inovadores, que dêem conta da diversidade e da superdiversidade que caracterizam o momento atual e que nos permitam compreender melhor as intensas mudanças que se verificam localmente.
Embora a bibliografia sobre o Rif seja bastante extensa, e não caberia no âmbito desta proposta de painel examiná-la em toda a sua variedade, nas últimas duas décadas foram dados importantes contributos críticos que facilitaram a visibilidade de sujeitos e objectos de investigação subalternizados ou tradicionalmente minoritários e ignorados. Logicamente, em relação ao Rif e ao Marrocos modernizado do período contemporâneo, o mais importante de todas as contribuições são as abordagens às formas de protesto político e social, e a visibilização de actores políticos e politizados locais ou transnacionais (ver, entre outros, Suárez Collado, 2017, 2023a e 2023b; Sánchez García et al., 2021). As visões críticas são igualmente fornecidas por obras clássicas (Pennell, 1987) e por investigações altamente inovadoras, especialmente no que diz respeito ao período colonial (entre outros, Aixelà-Cabré, 2019 e 2020; Torres Delgado, 2023), bem como por reflexões sobre a questão política e os movimentos sociais actuais (entre muitos outros, Aziza, 2003 e 2023; Joffé, 2014; Saadi, 2021; Nahhass e Bendella, 2022; Rhani et al. 2022; El Ghalbzouri, 2022). Na linha dos estudos acima referidos, este painel, intitulado “(Re)pensar o Rif e Marrocos”, poderá ser um espaço académico interessante para pensar em conjunto e discutir as diversidades culturais (re)emergentes, e as práticas sociais e políticas que tornam visíveis as formas de desigualdade e de opressão no Rif e em Marrocos.
A bibliografia citada e o breve enunciado da questão apresentada pretendem sublinhar o grande interesse que envolve a utilização de práticas etnográficas e autoetnográficas, e a exploração de fontes etno-históricas locais e translocais diferentes das habitualmente utilizadas.

Bibliografia

Aixelà-Cabré, Y. (2019): “Colonial memories and contemporary narratives from the Rif. Spanishness, Amazighness and Moroccaness seen from Al-Hoceima and Spain”, Interventions, 21 (6): 856-873.

Aixelà-Cabré, Y. (2020): “Colonial Spain in Africa: Building a shared history from memories of the Spanish Protectorate and Spanish Guinea”, Culture and History Digital Journal, 9 (2).

Aziza, M. (2003), La sociedad rifeña frente al protectorado español de Marruecos, 1912-1956, Barcelona, Edicions Bellaterra.

Aziza, M. (2023): “La révolte des Rifains contre le Makhzen marocain (1958-1959)”, Revista de Estudios Internacionales Mediterráneos, 34: 57-77.

El Ghalbzouri, M. (2022), “El estado y la gestión del Hirak del Rif” (escrito en árabe).

Joffé, G. (2014): “Nationalism and the bled: the Jbala from the Rif War to the Istiqlal”, The Journal of North African Studies, 19 (4): 475-489.

Nahhass, B. y A. Bendella, 2022, “Le Rif: les méandres d´une réconciliation”, L´Année du Maghreb, 26: 141-156.

Pennell, C.R. (1987): “Women and resistance to colonialism in Morocco: The Rif 1916-1926”.

Rhani, Z., Nabalssi, K. y M. Benalioua (2022): “The Rif again! Popular uprisings and resurgent violence in post-transitional Morocco”, The Journal of North African Studies, 27 (2): 326-361.

Saadi, M. (2021): “Hirak el Rif, dinámicas de la protesta identitaria” (escrito en árabe).

Sánchez-García, J. y R. Touhtou (2021): “De la Hogra al Hirak: neocolonialismo, memoria y disidencia política juvenil en el Rif”, Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales, 19 (1): 204-223.

Suárez Collado, A. (2017): “Le temps des cerises en el Rif: análisis de un año de protestas en el norte de Marruecos”,

Suárez Collado, A. (2023a); “The 1984 uprising in Nador: more than just a bread revolt”, Revista de Estudios Internacionales.

Suárez Collado, A. (2023b): “Navigating turbulent waters: associative clientelism and the rise and decline of Riffian elites in Morocco”, Territory, politicis, governance.

Torres Delgado, G. (2023), “The role of Rifian virility in the shaping of Spanish masculinity during Spain’s colonial wars in the Rif (1900–1927): from admiration to colonial hierarchy”, The journal of North African Studies, 28 (2): 294-324.