Marcus Garvey e o Movimento Negro da I República: o caso do Correio de África

Jorge Fonseca de Almeida

Nos anos vinte do século XX a influência de Marcus Garvey no Movimento Negro da I República Portuguesa fez-se sentir com intensidade nos vários partidos e agremiações que integraram este movimento, nomeadamente no Partido Nacional Africano de João de Castro.

Por seu lado a Liga Africana, liderada por José Magalhães e Nicolau Santos Pinto, participou ativamente no II Congresso Pan-africano e organizou em Lisboa uma sessão do III Congresso Pan-africano, movimento para o qual contribuiu fortemente. Mau grado a intensa hostilidade entre a Associação Universal para o Progresso Negro (UNIA) de Marcus Garvey e o movimento dos Congressos Pan-africanos que teve como figura central WEB Du Bois, o jornal da Liga Africana, o Correio de África, não deixou de seguir a trajetória política e ideológica daquele a quem chamaram o Moisés Negro.

Este artigo identifica, a partir de uma metodologia de estudo de caso assente na técnica de Análise de Conteúdo, a posição do Correio de África relativa a Marcus Garvey e à UNIA. Concluiremos que, apesar das grandes diferenças ideológicas e de estratégia política, a Liga manteve sempre uma postura de grande abertura relativamente a Garvey e à UNIA.