Projetos de Educação Acelerada em Cabo Delgado: a perspetiva das raparigas

Ana Poças

Desde 2017, o conflito militar vigente em Cabo Delgado tem-se intensificado em termos de violência (Rosco & Maquenzi, s/d). Além deste, a pandemia e os desastres naturais (UN-Habitat, 2021) têm contribuído para elevar o número de deslocados internos e de crianças fora da escola. Nesta província, cerca de 55% da população entre os 5 e os 17 anos nunca frequentou a escola, e a taxa de analfabetismo entre os 15 ou mais anos é de 52,4% (UNICEF, 2022). Estas crianças, que nunca frequentaram a escola ou que interromperam a sua frequência abruptamente, têm uma dificuldade acrescida em serem reintegradas no ensino formal. A Educação Acelerada corresponde a um programa flexível e apropriado à idade, que oferece acesso à educação a crianças e jovens fora da escola (INEE, 2024), contribuindo para o ODS 4, ao garantir o acesso à educação inclusiva, de qualidade e equitativa, com ênfase na meta 4.1 “até 2030, garantir que todas as meninas e meninos completam o ensino primário e secundário, que deve ser de acesso livre, equitativo e de qualidade, conduzindo a resultados de aprendizagem relevantes e eficazes”. Com a recolha de dados em curso, por meio de um estudo de caso de três Projetos de Educação Acelerada em Cabo Delgada, pretendemos analisar as motivações das raparigas para frequentarem os programas, bem como os obstáculos ao acesso e à permanência nos mesmos. É também nossa intenção averiguar de que forma os projetos dão resposta às necessidades específicas das raparigas.