EDIÇÕES ANTERIORES
Ao longo dos anos, este objetivo não parou de produzir resultados e de gerar novos desafios. O congresso se situa, portanto, com uma voz própria, ibérica, no quadro europeu dos estudos africanos. Com uma capacidade de convocação crescente, que ultrapassa o quadro peninsular (mais de 50 painéis e 400 participantes nas últimas edições), complementa os fóruns gerados a partir das conferências AEGIS ou pelo próprio ECAS, ao mesmo tempo que cristaliza, cada vez mais, a sua vontade de se tornar um ponto de encontro reconhecido com os parceiros e parceiras africanos, bem como uma referência para os estudos sobre os grupos afrodescendentes nas Américas.
Primeiras edições: fundação
O primeiro Congresso de Estudos Africanos no Mundo Ibérico (CEAMI 1) foi realizado entre 17 e 20 de novembro de 1991 em Madrid, no Colégio Mayor Nuestra Señora de África, do Ministério dos Assuntos Exteriores. O congresso surgiu de uma iniciativa conjunta de académicos portugueses e espanhóis, impulsionada de forma decisiva pela professora Isabel Castro Henriques (U. de Lisboa) e pelo professor Ferran Iniesta (U. de Barcelona). Esta primeira edição, dedicada a temáticas amplas (religião e cultura, economia e sociedade, Estado e relações internacionais, língua e literatura e Estudos Africanos em Portugal e Espanha) encontraria continuidade, na mesma sede, de 15 a 17 de Setembro de 1999, gerando as primeiras atas, África no século XXI, publicadas pela Sial Ediciones, sob a coordenação de Juan Ramón Trujillo (2001). O congresso se consolidou, definitivamente, com a sua terceira edição, organizada pela Universidade de Lisboa, na Fundação Gulbenkian, entre 11 e 13 de Dezembro de 2001, sob o título Novas relações com África: que perspetivas?, dando origem às atas editadas por Isabel Castro Henriques (2003). Com ele, não somente se consagrou uma periodicidade bienal, como foram desencadeadas as sinergias entre as academias portuguesa e espanhola e estabelecida a marca internacional do congresso.
Do quarto ao sexto congresso: consolidação
Cada nova edição deste século incorporou novidades e contribuiu com redes e projetos renovados. Sempre com o intuito, também, de ampliar a lista de sedes para o Congresso. Assim, a 4ª edição do CEAMI, com o lema “África caminha” , teve lugar em Barcelona, na Llotja da Câmara de Comércio da cidade, organizada pelo Grupo de Estudos das Sociedades Africanas da Universidade de Barcelona, de 12 de janeiro a 16 de setembro de 2004, com o envolvimento decisivo da então nascente Secretaria de Cooperação da Generalitat da Catalunha. O CEAMI 5, cujo tema foi “África: compreender trajetórias, olhar para o futuro”, foi realizado na Covilhã, organizado pela Universidade da Beira Interior, abrindo o congresso ao conjunto de centros portugueses de estudos africanos (4 a 6 de maio de 2006). O CEAMI 6 nos levou a Las Palmas de Gran Canaria (7 a 9 de maio de 2008), física e tematicamente, por sua abordagem de “África, pontes, conexões e intercâmbios”. Organizado pela universidade da cidade, se destaca pela participação, continuada desde então, da recém-criada Casa África. As três edições deram origem a atas digitais, que em breve estarão acessíveis no sítio eletrónico da nova Rede de Estudos Africanos.
Do CIEA 7 ao CIEA 9
A 7ª edição, sob o lema “50 anos das independências africanas: desafios para a modernidade”, foi realizada em Lisboa, organizada e acolhida pelo Centro de Estudos Africanos do ISCTE, de 9 a 11 de setembro de 2010; o nome do encontro foi revisto, passando a se chamar Congresso Ibérico de Estudos Africanos (CIEA). Seguiu-se o CIEA-8, em Madrid, de 14 a 16 de junho de 2012, colocando-nos “Sob a árvore da palavra: resistências e transformações entre o local e o global”, graças à organização do Grupo de Estudos Africanos da Universidade Autónoma de Madrid, que acolheu a reunião. Uma resenha desta edição pode ser encontrada em Pueblos, Revista de Información y Debate (2012). O CIEA-9 foi realizado em 2014, em Coimbra, sendo organizado pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, de 11 a 13 de setembro, com o lema “África hoje: tempos e espaços de transformação”. Resultou na primeira página web permanente do congresso.
Duas edições rumo a uma rede
Várias circunstâncias alheias aos organizadores, como os efeitos da crise que começou em 2008 e, posteriormente, o COVID-19, obrigaram a prolongar os períodos entre a realização dos congressos. Mas não somente a conexão não foi quebrada, como os dois últimos congressos geraram o compromisso de criar uma rede ibérica de estudos africanos, cuja expressão bienal será o congresso, para otimizar a sua estabilidade e permeabilidade social e académica. Assim, de 25 a 27 de janeiro de 2018, foi realizado o CIEA 10, organizado pela Universidade de Granada, através da equipa AFRICAInEs, , investigación y estudios aplicados al Desarrollo (SEJ-491, Universidade de Granada), sob o tema “Povos e culturas africanas: identidades, poderes, saberes e tradições no feminino”. Durante o congresso, que consolidou a produção de uma página permanente, além da publicação das atas, foi acordado o mandato para iniciar o processo de estabelecimento de uma rede ibérica de estudos africanos. O CIEA 11 foi realizado em Lisboa, entre 6 e 8 de julho de 2022, organizado pelo Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (CHUL), sob o tema “Trânsitos africanos no mundo global: história e memórias, heranças e inovações”. O congresso formalizou o acordo alcançado em Granada, e o CHUL mobilizou recursos humanos e financeiros para poder estabelecer a Rede de Estudos Africanos (REA) no próximo congresso, CIEA 12, que terá lugar em Barcelona, entre 29 e 31 de janeiro de 2025, com o objetivo de transformar o CIEA no congresso da REA.
CIEA 1
Congresso de Estudos Africanos no Mundo Ibérico (CEAMI), Madrid, 1991.
CIEA 2: África no século XX
CIEA 3: Novas relações com África: que perspetivas?
CEAMI, Lisboa, 2001.
CIEA 4: África caminha
CEAMI, Barcelona, 2004.