42. A ilha de Annobon e os Annoboneses – um mundo à parte

Valérie DE WULF
Archives nationales - France, Paris

A ilha de Annobón, uma pequena terra perdida no meio do Golfo da Guiné, tem uma história rica e original: a sua população, de origens e estatutos variados, viveu a escravatura e a colonização portuguesa no século XVI, mas também a descolonização e a abolição da escravatura no início do século XVIII.
Este povo unido lutou pela sua liberdade, desenvolvendo várias estratégias até ao final do século XIX. Durante este período, os Annobonais sofreram várias secas e fomes, o que os enfraqueceu consideravelmente. Os missionários espanhóis, os Claretianos, abriram uma missão na aldeia principal da ilha. Através da sua presença e das suas acções, conseguiram que a colonização espanhola deste território fosse reconhecida. Embora os ilhéus já não fossem oficialmente escravos, alguns continuaram a ser sujeitos a trabalhos forçados e tiveram de abandonar a sua terra natal. No entanto, continuaram a mostrar resistência sempre que foram vítimas de abusos de poder por parte do governo colonial e dos missionários.
Sabem exprimir por palavras o seu amor pela sua ilha e pela sua cultura. Os seus testemunhos escritos e orais são ricos e numerosos. Este património literário é cada vez mais promovido através de várias edições de contos, lendas e compilações de memórias de membros mais velhos da comunidade, bem como de outras iniciativas tomadas pelos próprios habitantes locais. Para não falar dos escritores cuja fama não pára na fronteira com a Guiné Equatorial. É o caso de Juan Tomás Ávila Laurel.

Delimitação
Continente africano, Golfo da Guiné, Guiné Equatorial, Ilha de Annobon

Fontes
AHU (Lisboa)
AN (Paris)
ANOM (Aix-en-Provence)
Propaganda Fide
Vários arquivos missionários

Bibliografia (a título de exemplo)
Pedro Bodipo Lisso, Annobon : su tradicion, usos y costumbres, Paris, L’Harmattan, 2015.
Valérie de Wulf, Les Annobonais, un peuple africain original (Guinée Equatoriale, XVIIIe-XXe siècles), Tome II, Ed. l’Harmattan et Association France-Guinée Equatoriale, 2014, 232p.
Juan Tomas Avila Laurel, Poemas, Malabo, Centro Cultural Hipano Guineano, 1994
Juan Tomas Avila Laurel, Dans la nuit, la montagne brûle, Solanhets, 2019
Etc…

Os outros coordenadores estão a ser nomeados.