O Sara Ocidental é uma antiga colónia espanhola ocupada em grande parte por Marrocos desde 1975.
De acordo com a teoria de Manuel Castells (Suárez, 2017), a identidade pode ser analisada em três níveis: identidade legitimadora, identidade de resistência e identidade projectiva (Campos-Serrano & Rodríguez-Esteban, 2017).
No Saara Ocidental, estas três formas de construção identitária têm desempenhado um papel central. A identidade legitimadora foi implementada por Marrocos numa tentativa de consolidar o seu controlo sobre o território. O espanhol desempenhava aqui um papel secundário, enquanto o árabe e o francês eram as línguas dominantes (Kremnitz, n.d.). Pelo contrário, desenvolveu-se uma forte identidade de resistência entre a população saharaui, dirigida contra a ocupação marroquina. No âmbito desta identidade de resistência, o espanhol desempenhou um papel importante como língua formadora de identidade (Hodges, 1983). A ênfase na prática do espanhol era um meio de sublinhar a própria proximidade cultural com Espanha e de questionar a legitimidade da reivindicação marroquina (Daadaoui, 2008).
Por último, pode também ser identificada uma identidade projectiva, que visa construir uma nova identidade saharaui para além da ocupação e do domínio estrangeiro. O espanhol também desempenha aqui um papel importante, actuando como língua franca e favorecendo assim a coesão da comunidade sarauí (Buono, 2018; Daadaoui, 2008; Martín, 2005; Hodges, 1983).