5. Golpes de Estado militares no Sahel

Fousseyni TOURE
Université des Sciences Juridiques et Politiques de Bamako/ Faculdade de Ciências Administrativas e Políticas

Descrição do tema Os Estados do Sahel foram atingidos por uma série de golpes militares que provocaram um mal-estar nas instituições democráticas. Mesmo que sejam invocados vários factores – como o fracasso dos sistemas eleitorais ou as alterações constitucionais – para explicar este ressurgimento dos golpes de Estado, subsistem muitas dúvidas quanto às verdadeiras intenções dos militares no poder. A retoma do controlo da questão da segurança pelas juntas e o reposicionamento das alianças militares levam-nos a questionar os desafios e as perspectivas dos golpes de Estado militares no Sahel. Partindo de uma abordagem decolonial, o objetivo deste painel é analisar as transições militares em curso no Sahel militar e as mobilizações neo-soberanistas que lhes estão subjacentes. Com base numa abordagem comparativa, o painel examinará igualmente as dinâmicas políticas e sociais, bem como as reconfigurações geoestratégicas e territoriais em curso no Sahel através da Aliança dos Estados do Sahel (AES). No cruzamento da ciência política, da antropologia e da sociologia, este painel analisará o papel dos movimentos de protesto social na legitimação dos golpes de Estado pós-democráticos, a rejeição do Ocidente, as novas alianças militares e o impacto das redes sociais na mobilização dos cidadãos a favor das transições militares. Utiliza uma abordagem qualitativa para compreender as questões actuais que envolvem os golpes militares no Sahel. Estado do conhecimento Para compreender os golpes de estado militares em África, temos de recuar até ao advento da independência e à criação dos exércitos dos estados-nação. Enquanto alguns estudos se centraram nas instituições militares e na sua relação com o Estado-nação (Dabezies, 1986; Martin, 1986; Benchenane et al, 1986; Diallo, 1986), outros tenderam a centrar-se nos militares e no militarismo nas sociedades africanas, tomando a força armada como objeto de estudo (Souka, 2020; Hutchful, 1989). Considerando o advento da democracia como um marcador do fim dos regimes autoritários, a difícil re-sectorização das forças de defesa e segurança mostra o lugar dos exércitos nos regimes pós-transição na África Subsariana (Thriot: 2005, 2028; Bagayoko: 2018). Quanto às sequências de golpes de Estado na zona da CEDEAO e noutras partes de África, são analisadas através de uma diplomacia do desvio onde se jogam interesses geoestratégicos entre potências (Kounouho: 2023, Lossayi: 2023, Chamkhi: 2023, Ngueuta e Ngon: 2023).

Bibliografia

Céline Thriot, 2005, Sortir de l’autoritarisme militaire. L’analyse comparée des transitions de régime, in Hommes et Sociétés, Editions Kartala, pp. 359-375.

– 2008, La place des militaires dans les régimes post-transition d’Afrique Subsaharienne : la difficile resectorisation, in Revue internationale de politique comparée, vol.15, En ligne : https://www.cairn.info/revue-internationale-de-politiquecomparee-2008-1-page-15.htm, pp.15-34

Hutchful, Emile., 1989, Les militaires et le militarisme en Afrique. Projet de recherche, Codesria
Jean-Loup Amselle, 2022, L’invention du Sahel, Editions du Croquant, 172 pages.

Les coups d’Etat en Afrique de 1960 à 2021. Typologie, causes, conséquences et pistes de sortie durable, AGORA-Revue Congolaise de Sciences Politiques, 01, Harmattan 2023, 226 pages.

Moustapha Benchenane et al, 1986, Armées populaires, Institut Africain d’Etudes Stratégiques, pp.57-79.

Niagale Bagayoko, 2018, Le processus de réformes du secteur de la sécurité au Mali, Centre FrancoPaix en résolution des conflits et missions de paix, UQAM.

Nouffeussie Léopold Ngueuta et Cyrille Léandre Ngom, 2003, Coup d’Etat du 5 septembre 2021 en Guinée-Conakry : fluctuation entre démocratie et pratique autocratique, in Les coups d’Etat en Afrique de 1960 à 2021, Typologie, causes, conséquences et pistes de sortie durable in Revue Agora, pp. 191-222. Harmattan.

Pierre Dabezies, 1986, La spécificité miliaire, Institut Africain d’Etudes Stratégiques, pp. 9-21.
Siradiou Diallo, 1986, Les relations entre l’armée, l’Etat et le parti, et le problème des forces civiles (milice et parti), in Institut Africain d’Etudes Stratégiques, pp.11-119.
Toussaint Kounouho, 2023, La diplomatie de la déviance. Réflexions sur l’action internationale des régimes issus de coups d’Etat au Burkina Faso, en Guinée et au Mali, in Les coups d’Etat en Afrique de 1960 à 2021, Typologie, causes, conséquences et pistes de sortie durable in Revue Agora, pp 13-50. Harmattan.