11. Perceção dos Problemas Ambientais e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Contexto da (re)naturalização de Rios Urbanos em África

Carlos Smaniotto Costa
Universidade Lusófona, Department of Architecture and Urban Planning, Lisbon, Portugal
Montserrat Pallares-Barbera
Universitat Autonoma de Barcelona, Department of Geography, Bellaterra, Spain
Antoni Mas Ponce
Consorci Besòs Tordera, Granollers, Barcelona, Spain
Nagayamma Aragão
Universidade Lusófona, Department of Architecture and Urban Planning, Lisbon, Portugal

A sessão (re)naturalização de Rios Urbanos abrirá a oportunidade para o debate sobre os desafios urbanos a partir da temática dos rios urbanos, principalmente no que se refere à sua regeneração, contextualização sócio-espacial e o envolvimento e a participação das comunidades ribeirinhas. A sessão objetiva criar uma arena para debater e destilar diferentes entendimentos sobre a cidadania e o seu papel nas melhorias ambientais, na preservação da biodiversidade e na construção da resiliência urbana e social. O painel proporcionará oportunidades para discussão e partilha de experiências sobre o contexto dos rios que atravessam áreas urbanizadas, destacando a necessidade de sua integração à malha urbana, alicerçado na perceção dos problemas socioambientais e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
A regeneração dos rios urbanos em África é um esforço essencial para fazer face aos numerosos desafios ambientais e sociais enfrentados pelas cidades em rápido crescimento no continente. Com muitas cidades africanas a registar elevados níveis de poluição, sistemas de gestão de resíduos inadequados e recursos hídricos cada vez mais escassos, a revitalização dos rios urbanos pode desempenhar um papel crucial na melhoria da qualidade da água, no aumento da biodiversidade e na promoção do bem-estar da comunidade. Iniciativas como a recuperação de habitats ribeirinhos, a criação de infraestruturas verdes e a implementação de sistemas de drenagem sustentáveis são componentes-chave de projetos bem-sucedidos de regeneração de rios. Além disso, o envolvimento das comunidades locais nos esforços de conservação e a promoção de práticas sustentáveis de utilização dos solos são essenciais para garantir o sucesso e a resiliência a longo prazo destas iniciativas. Ao dar prioridade à regeneração dos rios urbanos, as cidades africanas podem não só melhorar a sua resiliência aos impactes das alterações climáticas, mas também criar ambientes mais saudáveis e habitáveis para os seus residentes. É importante lembrar que a água e os ambientes aquáticos fornecem serviços ecossistémicos significativos (Rolo et al., 2017; Mas-Ponce et al., 2023) e que as cidades e os ecossistemas urbanos estão se tornando cada vez mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas, cujos impactos são multissectoriais (Chapman, 2019; Marlès Magre et al., 2020; Van Der Borght & Pallares-Barbera, 2023; Pujantell Albós et al., 2020; Aragão & Smaniotto, 2023). A regeneração de rios degradados em países desenvolvidos e em desenvolvimento varia significativamente devido a fatores ambientais e socioeconómicos específicos de cada região. Apesar destas diferenças, há uma crescente preocupação e reconhecimento da importância em preservar os rios que cortam as cidades como ecossistemas vitais que fornecem numerosos serviços ecológicos e benefícios culturais à sociedade. Enquanto nos países industrializados são inúmeros os casos paradigmáticos, pouco sabemos o que acontece nas cidades do continente africano além, dos sérios desafios ambientais e da extrema vulnerabilidade à mudança climática.
No contexto da Regeneração de Rios Urbanos, os proponentes apresentam experiências académicas e práticas, e são membros na rede Cyted RUN (RIOS URBANOS NATURALIZADOS) – Ciência cidadã e cocriação como meios de regeneração de rios e minimização de riscos (https://www.cyted.org/RUN-RIOS-URBANOS-NATURALIZADOS) e contam com vários projetos e publicações no contexto de regeneração de cursos de água, desenvolvimento sustentável, biodiversidade e serviços ecossistémicos, processos participativos, ciência cidadã, governança, agência e capacitação ambiental e territorial. Trazemos assim uma vasta experiência para fomentar um debate ativo e participativo.

Tópicos interessantes (lista não exaustiva):
• Casos de recuperação, regeneração e despoluição de rios urbanos
• Consequências da poluição hídrica
• Perceção dos problemas socioambientais e dos rios
• A prossecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – a contribuição da regeneração dos rios
• Questões e problemas relacionados com as características e utilizações específicas locais na relação cidade – rio – meio ambiente
• Fatores promotores da alteração/deterioração do ambiente aquático – desafios e soluções baseadas na natureza
• Desenho urbano e rios – o desenho urbano sensível à água
• Paisagens fluviais urbanas – as dinâmicas da paisagem e a inserção da água na cidade
• Infraestrutura verde e a associação às infraestruturas azul e cinza
• Processos participativos e cocriativos com comunidades ribeirinhas
• Atuação em territórios sem planeamento – problemas, desafios e soluções
• Ativismo social e a promoção de mudanças sociais, políticas, culturais ou ambientais
• Rios e atividades ao ar livre, desporto na natureza
• A gestão dos ciclos de água e a redução das vulnerabilidades ambientais e sociais
• Promoção da educação ambiental e territorial e o papel da água e dos cursos de água
• Fomento às iniciativas de cooperação entre Ibero-América e África
• Monitorização ambiental, sensoriamento remoto e gestão de políticas públicas vs dados abertos
• Educação para o desenvolvimento e cidadania global ambiental e a narrativa dos rios

Bibliografia

Aragão, N. & Smaniotto Costa, C. (2023). A regeneração de rios urbanos, paralelos entre Portugal e África – Desafios e práticas. In Smaniotto Costa, C. et al. (Eds.). Rios Urbanos na Ibero-América: Casos, Contextos e Experiências / Ríos Urbanos en Iberoamérica: Casos, Contextos y Experiencias. Cultura & Território, Vol. 6. Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas, 27-45.
https://doi.org/10.60543/ecati/8tgb-ym88.
Aragão, N. & Smaniotto Costa, C. (2022). The Impact of COVID-19 and Use of Geo-Tagged User Data in Territories Without Planning: The Case of São Tomé and Príncipe. In Stanley D. Brunn and Donna Gilbreath (Eds). COVID-19 and an Emerging World of Ad Hoc Geographies. Springer, 701-720. https://doi.org/10.1007/978-3-030-94350-9_39
Marlès Magre, J; Sànchez-Mateo, S.; Pallares-Barbera, M.; Boada Juncà, M. (2020). Biodiversidad urbana, bienestar y urbanismo: la ciudad de Barcelona como ecosistema. En Las áreas metropolitanas españolas entre competitividad y sostenibilidad. Nuevas herramientas para una política urbana en el contexto global. Valencia: Tirant Lo Blanch, 207-226.
Mas-Ponce, A., Sànchez-Mateo, S. & Pallares-Barbera, M. (2023). Los sistemas fluviales mediterráneos: la calidad ecológica y las estrategias de transferencia del conocimiento en las cuencas del Besòs y la Tordera (Barcelona). In Rios Urbanos na Ibero-América: Casos, Contextos e Experiências / Ríos Urbanos en Iberoamérica: Casos, Contextos y Experiencias. Lisboa: Cultura & Território. Edições Universitárias Lusófona, 123-139.
Pallares-Barbera, M., Gisbert, M. & Badia, A. (2020). Grid orientation and natural ventilation in Cerdà’s 1860 urban plan for Barcelona. Planning Perspectives, 36 (4), 719-739.
Pujantell Albós, J.A.; Boada Juncta, M.; Pallares-Barbera, M.; Barriocanal Lozano, C. (2020). Los espacios naturales protegidos metropolitanos como paisajes centinela del cambio global: el parque natural y reserva de la biosfera del Montseny en la región metropolitana de Barcelona. En Las áreas metropolitanas españolas entre competitividad y sostenibilidad. Nuevas herramientas para una política urbana en el contexto global. Valencia: Tirant Lo Blanch, 227-245.
Rolo, D., Gallardo, A., Ribeiro, A. (2017, 20-21 maio). Revitalização de rios urbanos promovendo adaptação às mudanças climáticas baseada em ecossistemas: quais são os entraves e as oportunidades? XVII ENANPUR- sessão temática 8: Técnicas e Métodos para Análise Urbana e regional. São Paulo, Brasil
Smaniotto Costa, C., Menezes, M., Pallares-Barbera, M., Pastor, G., Rocha, E. do P. & Villalba Condori, K. O. (Eds.) (2023). Rios Urbanos na Ibero-América: Casos, Contextos e Experiências / Ríos Urbanos en Iberoamérica: Casos, Contextos y Experiencias. Cultura & Território, Vol. 6. Lisboa: Edições Universitárias Lusófona. https://doi.org/10.60543/ecati/4tk9-1a66
Smaniotto Costa C., Norton C., Domene E., Hoyer J., Marull J., Salminen O. (2015). Water as an Element of Urban Design: Drawing Lessons from Four European Case Studies. In: W. L. Filho & V. Sümer (Eds.). Sustainable Water Use and Management, 17-43. Cham: Springer. https://doi.org/10.1007 / 978-3-319-12394-3_2
Van Der Borght, R. & Pallares-Barbera, M. (2023). How urban spatial expansion influences CO2 emissions in Latin American countries. Cities, 139. https://doi.org/10.1016/j.cities.2023.104389