A sessão (re)naturalização de Rios Urbanos abrirá a oportunidade para o debate sobre os desafios urbanos a partir da temática dos rios urbanos, principalmente no que se refere à sua regeneração, contextualização sócio-espacial e o envolvimento e a participação das comunidades ribeirinhas. A sessão objetiva criar uma arena para debater e destilar diferentes entendimentos sobre a cidadania e o seu papel nas melhorias ambientais, na preservação da biodiversidade e na construção da resiliência urbana e social. O painel proporcionará oportunidades para discussão e partilha de experiências sobre o contexto dos rios que atravessam áreas urbanizadas, destacando a necessidade de sua integração à malha urbana, alicerçado na perceção dos problemas socioambientais e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
A regeneração dos rios urbanos em África é um esforço essencial para fazer face aos numerosos desafios ambientais e sociais enfrentados pelas cidades em rápido crescimento no continente. Com muitas cidades africanas a registar elevados níveis de poluição, sistemas de gestão de resíduos inadequados e recursos hídricos cada vez mais escassos, a revitalização dos rios urbanos pode desempenhar um papel crucial na melhoria da qualidade da água, no aumento da biodiversidade e na promoção do bem-estar da comunidade. Iniciativas como a recuperação de habitats ribeirinhos, a criação de infraestruturas verdes e a implementação de sistemas de drenagem sustentáveis são componentes-chave de projetos bem-sucedidos de regeneração de rios. Além disso, o envolvimento das comunidades locais nos esforços de conservação e a promoção de práticas sustentáveis de utilização dos solos são essenciais para garantir o sucesso e a resiliência a longo prazo destas iniciativas. Ao dar prioridade à regeneração dos rios urbanos, as cidades africanas podem não só melhorar a sua resiliência aos impactes das alterações climáticas, mas também criar ambientes mais saudáveis e habitáveis para os seus residentes. É importante lembrar que a água e os ambientes aquáticos fornecem serviços ecossistémicos significativos (Rolo et al., 2017; Mas-Ponce et al., 2023) e que as cidades e os ecossistemas urbanos estão se tornando cada vez mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas, cujos impactos são multissectoriais (Chapman, 2019; Marlès Magre et al., 2020; Van Der Borght & Pallares-Barbera, 2023; Pujantell Albós et al., 2020; Aragão & Smaniotto, 2023). A regeneração de rios degradados em países desenvolvidos e em desenvolvimento varia significativamente devido a fatores ambientais e socioeconómicos específicos de cada região. Apesar destas diferenças, há uma crescente preocupação e reconhecimento da importância em preservar os rios que cortam as cidades como ecossistemas vitais que fornecem numerosos serviços ecológicos e benefícios culturais à sociedade. Enquanto nos países industrializados são inúmeros os casos paradigmáticos, pouco sabemos o que acontece nas cidades do continente africano além, dos sérios desafios ambientais e da extrema vulnerabilidade à mudança climática.
No contexto da Regeneração de Rios Urbanos, os proponentes apresentam experiências académicas e práticas, e são membros na rede Cyted RUN (RIOS URBANOS NATURALIZADOS) – Ciência cidadã e cocriação como meios de regeneração de rios e minimização de riscos (https://www.cyted.org/RUN-RIOS-URBANOS-NATURALIZADOS) e contam com vários projetos e publicações no contexto de regeneração de cursos de água, desenvolvimento sustentável, biodiversidade e serviços ecossistémicos, processos participativos, ciência cidadã, governança, agência e capacitação ambiental e territorial. Trazemos assim uma vasta experiência para fomentar um debate ativo e participativo.
Tópicos interessantes (lista não exaustiva):
• Casos de recuperação, regeneração e despoluição de rios urbanos
• Consequências da poluição hídrica
• Perceção dos problemas socioambientais e dos rios
• A prossecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – a contribuição da regeneração dos rios
• Questões e problemas relacionados com as características e utilizações específicas locais na relação cidade – rio – meio ambiente
• Fatores promotores da alteração/deterioração do ambiente aquático – desafios e soluções baseadas na natureza
• Desenho urbano e rios – o desenho urbano sensível à água
• Paisagens fluviais urbanas – as dinâmicas da paisagem e a inserção da água na cidade
• Infraestrutura verde e a associação às infraestruturas azul e cinza
• Processos participativos e cocriativos com comunidades ribeirinhas
• Atuação em territórios sem planeamento – problemas, desafios e soluções
• Ativismo social e a promoção de mudanças sociais, políticas, culturais ou ambientais
• Rios e atividades ao ar livre, desporto na natureza
• A gestão dos ciclos de água e a redução das vulnerabilidades ambientais e sociais
• Promoção da educação ambiental e territorial e o papel da água e dos cursos de água
• Fomento às iniciativas de cooperação entre Ibero-América e África
• Monitorização ambiental, sensoriamento remoto e gestão de políticas públicas vs dados abertos
• Educação para o desenvolvimento e cidadania global ambiental e a narrativa dos rios