14. Representações cruzadas da cidade pós-colonial no romance africano contemporâneo

Bocar Aly PAM
Université Assane Seck, Département de Lettres modernes
Prof. Dr. PREIRA Joseph Ahimann
Département de Lettres Modernes UFR Lettres, Arts et Sciences Humaines, Université Assane Seck de Ziguinchor

Na literatura, a cidade tornou-se um tema importante a partir do século XIX, com o aparecimento das grandes cidades industriais.

Os escritores começaram a explorar os seus aspectos mais sombrios, destacando a pobreza, a doença, a violência e a alienação. Ao olhar para a geografia literária, podemos identificar as formas como uma nova narrativa pode ser criada, colocando uma cidade no centro da sua estética como espetáculo, texto e paisagem. Mas a cidade é também um lugar de esperança e criação. “Todas as cidades têm a sua alma.
Cada cidade tem o seu corpo, a sua pele, a sua inteligência, a sua estupidez, o seu lado monstruoso, a sua poética, a sua quota-parte de mistério…”, Sony Labou Tansi, “Kinshasa ne sera jamais” Na literatura moderna, os escritores procuraram retratar a cidade como um lugar de liberdade onde as pessoas podem viver de forma independente e criativa. A cidade tornou-se o símbolo da civilização. Mas esta cidade, tão cruel como foi durante a época colonial, segundo Eza Boto, em Ville Cruelle, reserva-nos algumas surpresas, pois ao lado do seu centro resplandecente, encontra-se o bairro de lata onde reina a poluição e a miséria. A este respeito, Tagne salienta que, em termos físicos, a cidade aparece no romance camaronês com uma dupla face. É uma cidade bela e sedutora, o lugar para onde ir quando sonhas com a felicidade do campo.
Quando lá chegas, é um caldeirão de miséria, sofrimento e vício, onde a doença, a prisão e a morte são uma ameaça permanente. No início do século XXI, tornou-se tautológico dizer que a cidade desempenha um papel dominante nas nossas vidas em todas as esferas culturais, económicas, políticas e sociológicas. A rápida urbanização está a ter um efeito profundo em todas as áreas da nossa vida. . É por isso que a cidade, onde emergem novos modos populares de expressão e de produção de sentido, e que inspira as narrativas literárias, é crucial para compreender o modo como as sociedades pós-coloniais tentam “tornar inteligível o tempo presente, […] encontrar coerência em acontecimentos dispersos, aparentemente demasiado incoerentes e desordenados” (Mbembe 1988: 23).
As narrativas literárias mostram como, muitas vezes, os acontecimentos violentos deixam uma marca duradoura na vida dos africanos, a sua forma de reler o passado, de se situar no espaço e no tempo e de antecipar o que pode vir a acontecer. Este painel convida investigadores de várias disciplinas e origens a contribuir para uma discussão rica e multidisciplinar sobre o tema da cidade e a influência do urbano na literatura.
São bem-vindos trabalhos das ciências humanas, da literatura, da arquitetura, da história, da linguística, da geografia e das ciências sociais. Como é a cidade nos romances policiais e nos textos de fantasia da vida real de autores africanos? A atmosfera sombria e aterradora tem algo a ver com a história, ou é um enquadramento imposto pelo género literário?






Temas propostos: I – A cidade e o urbano: – noções, questões conceptuais e questões epistemológicas – Fragmentação da cidade: fronteiras e limites – Ecocrítica das cidades – Caminhos e formas de encontro com a alteridade – A infância e a mulher:




Símbolo e palavra de deambulação na cidade – Discurso e representação da política da cidade através de textos – Semiótica da luz e da cor na cidade – Polissensorialidade e identidade – Habitação na cidade/periferia – Intertextualidade urbana e intermedialidade

II – Cidades e dinâmicas sociais :
– transformações e mudanças societais
– dialética cidade/campo
– Planeamento urbano (questões e desafios)
-A cidade, a mobilidade e as relações espácio-temporais: espaço público/espaço privado,…




– As formas do tecido urbano e a rede de relações sociais: hospitalidade/hostilidade, etc. III – A cidade e o discurso: – A imagem da cidade, a cidade/memória, a cidade/imaginário, a cidade/corpo, a cidade/texto, etc. – A cidade e as produções literárias e artísticas – A cidade e a diversidade linguística e (inter)cultural.
– Culturas da cidade e ligações locais/globais.
Isto dá-nos a possibilidade real, se não de compreender, pelo menos de ser capaz de descrever, através da análise de uma série de exemplos reveladores, como a ficção e a realidade se relacionam entre si. Longe de ser exaustiva, esta lista de sugestões é meramente indicativa. Seria possível acrescentar outras linhas de investigação em conformidade com as questões levantadas e apresentadas para debate.

Cada proposta deve ser acompanhada de um resumó (máximo de 250 palavras, espaços incluídos) e de uma breve nota biográfica (máximo de 500 palavras, espaços incluídos).
O tempo atribuído a cada apresentação é de 15 minutos, seguidos de 10 minutos para debate/perguntas.

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