Relações Turco-Africanas: A ascensão de Moçambique como ponto estratégico

Joana Cirne

Este paper tem como objetivo analisar as relações entre a Turquia e Moçambique, enquanto ponto estratégico para ascender como uma potência alternativa.
O ano de 2005 foi um ponto de viragem nas relações da Turquia com o continente africano, momento em que o país recebeu o estatuto de observador junto da União Africana. O número de embaixadas turcas em África passou de 12, em 2002, para 44, em 2024.
Os interesses de Ancara em Moçambique fazem parte de uma estratégia geopolítica ampla no Oceano Índico, focada na diversificação de alianças e na projeção de poder em regiões tradicionalmente dominadas por outras potências. Esta estratégia reflete uma diplomacia mais ambiciosa, com efeitos já visíveis em países como a Somália. Com base em acordos de cooperação de segurança e defesa, em investimentos em novas infraestruturas, na promoção de iniciativas comerciais e no apoio à educação e às crises humanitárias, a Turquia procura aumentar a sua influência geopolítica na região.
A localização estratégica de Moçambique, torna este país num ponto de interesse crescente para a Turquia, cuja colaboração excede os interesses bilaterais, afetando o equilíbrio de poder entre as potências globais e regionais. A costa moçambicana possui portos e canais que ligam África ao Médio Oriente e à Ásia, incluindo acesso a rotas comerciais importantes de petróleo, gás natural e de outras mercadorias. Além disso, o canal de Moçambique é uma zona ameaçada pela pirataria e pelo tráfico de droga, tornando-se imperativo que a segurança marítima seja uma prioridade.
Neste aspeto, Moçambique tem uma perspetiva pragmática, assumindo a cooperação com a Turquia como uma oportunidade para o desenvolvimento da economia e da segurança, fortalecendo a sua posição no panorama internacional. Contudo, o país continua a tentar equilibrar as suas relações com outras potências, procurando maximizar os benefícios, sem comprometer as suas alianças regionais.