Approaching the Other “Other” in International Political Sociology Through a Photo-Essay of Home, Mundaneness, and Migrancy

This article contributes to the International Political Sociology literature by rethinking the ways and means of knowledge production concerning Southern communities in geographical and epistemological territories of the Global North. The research proposes to take up the methodological and ontological discussion through a photo-essay and to engage in an inter-legible dialogue that emphasizes the immediacy, simultaneity, and possibility of home, international, and transnational relations. The paper makes two points. First, it is vital to acknowledge Southern migrants’ right to move and to stay, such that the photo-essay serves to normalize mobility and border movements and to visualize Northern urban spaces as constituted by and integrative of ordinary, everyday migratory processes. Second, the photo-essay opens a window onto fieldwork dynamics and invites questions of other “other” learning in the case that the researcher is a Southern scholar embodying a set of sociocultural references dissimilar from that of her informants. When used as a conduit for knowledge generation and sharing, the photo-essay allows International Relations to join ethnographic debates in other university departments.

Enfrentando o regime do esvaziamento: investigações artísticas negras a partir do caso Liberta Damazia em Redenção – CE no século XIX

O presente trabalho busca apresentar investigações artísticas de enfrentamento à invisibilização e subalternização da mulher negra na história de Redenção – CE, tendo como ponto de partida o caso Liberta Damazia. No ano de 1883, o então município de Acarape (atual Redenção) entrou para a história brasileira a ser o primeiro município a abolir a escravidão no Brasil, todavia, esse feito orquestrado por pessoas brancas possui diversas falhas e contradições, entre elas o esquecimento das pessoas negras como agentes pela liberdade. Em 1882, uma mulher negra chamada Damazia, entra na justiça com a quantia de 60 mil réis para reivindicar a compra da alforria de seus filhos, Joanna e Francisco. Pioneira na luta pela liberdade, Damazia foi apagada na história abolicionista local, mesmo na construção de um monumento para “homenagear” as mulheres negras, escolhem um gigante painel de uma mulher negra nua sem nome, esvaziando de sentido histórico tal personagem. Na contemporaneidade, artistas negras e negros buscam através de obras, perfomances e intervenções por em desordem o imaginário materializado no monumento negra nua, em alguns casos, dando vazão para retomar a história de Damázia, utilizando da arte como meio especulativo e de radicalidade no enfrentamento a um regime de esvaziamento. Desse modo, analiso essas propostas artísticas como atos de demasiada importância para reconstrução de uma memória negra local, onde pessoas negras não sejam apenas representadas como objetos submissos e alegóricos, esvaziadas e distanciadas dos fatos históricos.

Saúde em África – Balanços e perspetivas sobre as epistesmes face ao futuro(s).

Aparentemente a epidemia de COVID-19 acelerou a transformação no campo Saúde Global para abertura a perspetivas supostamente holísticas como a ‘One Health’ ou para a integração de outras epistemologias. Um olhar atento mostra que esta transformação se deve em grande parte à epidemia de VIH-SIDA. Partindo de estudos sobre a emergência do VIHs (HIV-1 e HIV-2) esta apresentação pretende refletir sobre a necessidade de outras epistemes e de novos diálogos para discutir-se outros futuro(s) na Saúde Global.
A Biomedicina foi central para os processos coloniais. Nesta ‘experiência’ foi criado um largo espetro de doenças tropicais, moldou-se a região e as relações com/entre e não-humanos. A biomedicina com as independências é reforçada, dominando narrativas e sendo a episteme para definir políticas nas novas capitais. Na passagem do milénio as grandes iniciativas e os novos atores continuam a replicar olhares e receitas top-down. Muitas doenças ‘coloniais’ são repensadas e integradas em novas construções como Doenças Negligenciadas Tropicais enquanto outras, como cancro, só recentemente começaram a ser incorporadas na Saúde global.
Esta proposta tem como objetivo refletir este século de Biomedicina em África, consideram perspetivas do de-colonial da saúde global e da viragem ontológica para gerar sinergias e pistas para novos roteiros sobre o papel futuro dos vários conhecimentos. A ideia que a antropologia contribuirá equitativa no campo da Saúde Global não deve ser aceitar tacitamente, pois como a própria alerta há que considerar contexto e elementos estruturais que moldam as politicas e práticas da saúde cada vez mais big data e digitais.

Entre o pesquisar e o agir: uma abordagem contra-colonial sobre o território e as dinâmicas urbanas em Cabo Verde

O processo da urbanização é um fenómeno recente em Cabo Verde e os principais centros urbanos do país têm recebido a partir dos anos de 1990 grandes vagas de imigração rural, inter-ilhas, regional-africana e transcontinental. O resultado tem sido a criação de uma extensa urbanização da pobreza, ocupado sobretudo pela população nacional mais pobre e imigrantes oeste-africanos, o que tem provocado a consolidação de uma cidade fragmentada influenciada pelo processo da globalização económica e cultural: espaços onde “os privilégios de acesso à terra (…) permanecem das elites económicas que vêm favorecendo e sendo favorecidas pelos grupos de capital internacional” (Moassab, 2013: 194), mas também dos imigrantes e expatriados europeus, que através de uma gestão planificada e privatizada do território controlam a maioria desfavorecida. Face ao desequilíbrio urbanístico desencadeados por estes processos e a associação das zonas ditas informais com a criminalidade, o governo e as câmaras, coadjuvados pela UN-Habitat e demais agências de programas de ajuda para o desenvolvimento, têm promovido uma visão da cidade inclusiva orientada pelos objetivos do desenvolvimento sustentável, incentivando a participação das organizações da sociedade civil, em particular os de cariz comunitária, ainda que com um papel secundarizado. Esta comunicação, sustentada por uma pesquisa etnográfica iniciada em 2018 em colaboração com organizações comunitárias de um dos bairros da cidade com um passado recente de estigmatização e criminalização, mais tarde alargada a mais 15 bairros com perfis urbanos diferenciados, visa três objetivos: 1) questionar as políticas de qualificação urbana orientadas para o turismo em curso em Cabo Verde; 2) discutir o papel dos profissionais das ciências sociais na intermediação das agendas urbanísticas institucionais; 3) refletir sobre a legitimidade da ciência no processo de consciencialização sociopolítica e empoderamento das organizações sociais com vista à construção de uma proposta urbanística de baixo para cima.

Otras formas de hacer las paces en Cabo Delgado (Norte de Mozambique). Aprendizajes teóricos-metodológicos para avanzar en los Estudios Africanos Críticos de Paz

Desde Gernika Gogoratuz, Centro de Investigación para la paz, desde antes de que comenzara el conflicto armado en el Norte de Mozambique en 2017, llevamos unos años explorando las conflictividades eco-sociales provocadas por los megaproyectos extractivistas de piedras preciosas y gas. Frente a la agenda de paz de grandes operaciones humanitarias con intervenciones militares para combatir el terrorismo, en alianza con el Centro de Estudios y Acción para la Paz (CEAP), y partiendo de enfoques poscoloniales y ecofeministas, y apostando por una apropiación local emancipadora, decidimos poner en marcha varios procesos de investigación-acción-participación combinados con estudios etnográficos para explorar los conocimientos y las capacidades comunitarias para la construcción de paz.

En esta comunicación, con el propósito de ir fortaleciendo los Estudios Críticos de Paz, se presentan los principales avances teórico-analíticos de estas investigaciones que han tratado de poner en valor los conocimientos compartidos de las distintas comunidades con las que se ha venido trabajando sobre las causas del conflicto armado, sus concepciones sobre la paz y sus propuestas para terminar con el conflicto, trabajar la memoria y avanzar hacia la paz y la convivencia en Cabo Delgado.