Uma marca do comércio de escravos e da escravidão na África Centro-oriental foi o seu revigoramento no século XIX, estimulados pelo redirecionamento dos fluxos em direção ao Atlântico, pelo desenvolvimento das plantações no Índico, uma maior integração desta região às redes caravaneiras do comércio de longa distância e o surgimento de bandos militarizados capazes de conduzir razias e expedições escravizantes. Coincidindo com um período de inoperância das políticas abolicionistas europeias, a região da Zambézia acrescenta a este conjunto uma trágica confluência de interesses provenientes de diferentes centros de poder: os dos representantes da Coroa portuguesa que detinham o controle sobre vilas marítimas e ribeirinhas e parte dos lucros do comércio de seres humanos; motivações dos senhores e donas dos prazos a partir de seus domínios territoriais independentes e a presença de mercadores de origens diversas, africanos, mestiços, goeses e agentes das companhias europeias sediados em barracões espalhados pela região. A historiografia vem evidenciando os impactos da crise social que incidiu sobre populações que tentaram reagir a sua vulnerabilidade por meio de uma intensa movimentação em busca de segurança e proteção. Isaacman insiste na concentração de poder nos senhores da guerra que aparecem, a um tempo, como algozes e protetores; Capela, mantendo a centralidade do tráfico de seus estudos, busca a formação de cidadelas fortificadas nas aglomerações denominadas de aringas; outros estudiosos, indícios de trajetórias fugidias de populações “incapazes de remontar genealogias”, ou portadoras de genealogias curtíssimas de homens e mulheres “sem nihimo”. No conjunto das investigações, assinala-se ainda as que procuram a rarefeita incidência disso nos testemunhos e trajetórias autobiográficas, no geral escassas. Relacionada a uma pesquisa em andamento, o objetivo da comunicação é apresentar o estado da arte, focalizando sobretudo problemáticas que atravessam a interpretação de fontes capazes de reconstituir estes episódios à luz das suas dimensões sociais.
A presente proposta de comunicação tem como objetivo principal explorar as narrativas sobre cooperação entre Angola e Cuba a partir de depoimentos, registos em manuais escolares, património arquitetónico que incluí escolas e residências, assim como documentos. A comunicação visa também discutir o contexto a partir do qual essa relação entre Angola e Cuba foi possível.
A formação do “novo angolano” no período pós-colonial de se deveu ao processo educativo, ou seja, à produção e reprodução da ideologia socialista adotada pelo Movimento Popular de Libertação de Angola, partido que proclamou a independência e que suporta o governo desde 1975. A orientação educacional do Estado angolano pós-independência foi durante a segunda metade da década de 1970 e das duas décadas seguintes (1980 e 1990) apoiada por professores e técnicos cubanos, assim como a formação dos primeiros 800 estudantes angolanos enviados para Cuba, a produção dos conteúdos dos manuais escolares para a formação primária, secundária e profissional, e a construção de unidades escolares réplicas da Ilha da Juventude.
Angola guarda uma memória intensa sobre a cooperação com Cuba que continua presente até aos dias de hoje. O propósito desta comunicação é trazer ao de cima essas narrativas diversas que marcaram e ainda marcam uma relação do Sul-Sul, analisando as implicações atuais e as possibilidades de pensar o futuro.
The library at El Escorial holds an incomplete manuscript of al-Iḥāṭa fī akhbār Gharnāṭa, Ibn al-Khaṭīb’s (d. 1374/766) magisterial fourteenth-century history of Nasrid Granada – that has been misattributed. Supposedly copied in Granada in 1490, by the mid-sixteenth century it was the property of Aḥmad b. Aḥmad b. ʿUmar b. Muḥammad Aqīt (d. 991/1583), a prominent member of the scholarly community of Songhay Timbuktu. Al-Iḥāṭa’s influence, perhaps in this very manuscript, on the Aqīt family – Nayl al-ibtihāj, the biographical dictionary written by Aḥmad b. Aḥmad’s grandson Aḥmad Bābā, leans heavily on it as a source. Despite its prestigious colophon, it was almost certainly in Timbuktu that it was copied, and, more importantly, prodigiously annotated. This paper considers El Escorial Arabe 1673 as a physical embodiment of how Andalusī thought was understood and negotiated south of the Sahara. The manuscript’s biography traces the connections between the regions of the Western Islamic world, but its some 200 annotations provides unique insight into the scholarly world of Timbuktu. The many annotators provided cross-references; pointed to rhetorical flourishes they enjoyed; highlighted for themselves and their students the most important scholars. In doing they engaged in a complex, time-displaced conversation across time and space with their Mediterranean forebears, negotiating Mālikism and legacy of al-Andalus as they considered their own role within the Songhay Empire.
Kemet, el antiguo nombre de Egipto que significa "tierra de los negros", ha sido sistemáticamente desvinculado de su herencia africana en las narrativas históricas tradicionales. Esta desconexión ha perpetuado la idea errónea de que Egipto fue una civilización aislada de las influencias africanas, minimizando el papel central de África subsahariana en el desarrollo de esta gran civilización. Esta presentación tiene como objetivo reestablecer ese vínculo perdido, destacando cómo la arqueología y la investigación histórica revelan profundas conexiones entre Kemet y las culturas africanas vecinas.
A través de la evidencia arqueológica y los estudios antropológicos, se examinará la influencia africana en varios aspectos cruciales de la civilización egipcia: desde su estructura social y política, hasta sus avances científicos, artísticos y religiosos. Al hacerlo, se pondrá de relieve cómo las raíces africanas de Kemet contribuyeron a la creación de una de las civilizaciones más influyentes de la historia de la humanidad.
La presentación también abordará las razones por las cuales Kemet ha sido marginado en el relato histórico africano, analizando cómo esta desconexión ha influido en la percepción moderna de África y su papel en la historia global. Esta narrativa distorsionada ha limitado el reconocimiento del continente africano como cuna de importantes avances civilizatorios y culturales.
Finalmente, se subrayará la importancia de integrar a Kemet dentro del relato histórico africano, no solo para reivindicar su identidad africana, sino también para proporcionar una visión más completa y justa de la historia mundial. Esta reintegración permitirá a las generaciones actuales y futuras comprender mejor la riqueza y profundidad de la contribución africana a la civilización global.
La melanina, más que un simple pigmento responsable de la coloración de la piel, los ojos y el cabello, es un biocompuesto fundamental con múltiples funciones bioquímicas que van más allá de lo visible. Además de su rol en la protección contra los rayos UV, la melanina desempeña un papel crucial en la evolución humana, particularmente en las poblaciones africanas y afrodescendientes, donde ha contribuido a la resiliencia biológica frente a las condiciones ambientales adversas.
Esta comunicación explorará el impacto de la melanina en la evolución de los seres humanos, con especial énfasis en su influencia en las identidades biológicas y culturales de las personas de piel negra. A través de un enfoque multidisciplinario, se examinarán las propiedades protectoras de la melanina y su capacidad para resistir los daños causados por la radiación solar, lo que explica en parte la prevalencia de pieles oscuras en regiones ecuatoriales.
Además de su función evolutiva, se discutirán los avances científicos recientes que investigan las aplicaciones de la melanina en campos como la medicina, donde se ha observado su potencial en la prevención de enfermedades relacionadas con el daño solar, y en la tecnología, donde se exploran sus propiedades como conductor de energía. Esta presentación también destacará cómo la melanina, más allá de ser un factor estético, es un componente integral de la identidad africana y afrodescendiente, contribuyendo a la resistencia física y simbólica de estas poblaciones frente a desafíos históricos y contemporáneos.
Con este enfoque, la conferencia subrayará el rol esencial que juega la melanina en la biología humana y en la construcción de una narrativa positiva y empoderadora sobre la identidad afrodescendiente.