La presente comunicación propone una aproximación distintiva a la economía de guerra concentrada en el este congolés, tomando de los aportes de necropolítica de Achille Mbembe y apropiaciones posteriores como necroempoderamiento, desde América Latina, para complejizar el análisis. Alejándose de narrativas simplistas y eurocéntricas como las del Estado fallido, violencia étnica o maldición de los recursos, la ponencia enfatiza que la búsqueda de explotación económica de minerales estratégicos como el oro, tungsteno y coltán, en una economía de guerra que se viene construyendo desde la Segunda Guerra del Congo (1998-2003) no se acota únicamente a alicientes económicos. En esa línea, el establecimiento de enclaves extractivos en los dos Kivu e Ituri se relaciona con la construcción de masculinidades hiperviolentas, instrumentalización de la etnicidad y posibilidades de enriquecimiento rápido, que hacen a un proceso de necroempoderamiento que apela particularmente a jóvenes varones congoleses y que es funcional a los intereses geopolíticos de los actores de la Región de los Grandes Lagos, así como la enorme apropiación de plusvalía para las tecnologías electrónicas por parte de empresas africanas y extranjeras. Este necroempoderamiento no solo compete a los grupos armados irregulares, como la ADF, M23 y algunas milicias Mai-Mai, sino que también está presente en el funcionamiento de las fuerzas armadas regulares congolesas, imbricadas en la expoliación de la fuerza de trabajo de la población civil ya desde su génesis y continuidades con la Forcé Públique, como parte de la explotación privada de los cuerpos y territorios congoleses.
O objetivo desta comunicação é apresentar como as experiências de trabalhadores e as múltiplas formas de organização do trabalho existentes no norte de Moçambique (atual província de Nampula) influenciaram a formação de comunidades, nomeadas nas fontes de “aringas” e “quilombos”, no século XIX. Num primeiro momento, apresentarei duas povoações compostas originalmente por escravizados fugidos, ou “de ganho”, e libertos denominadas Missanga e Ampapa, e a relação com as formas de trabalho marcadas pelo sistema escravista europeu e com as dinâmicas locais africanas, como os processos de migração e o comércio de longa distância. Num segundo momento, mostrarei a formação de uma terceira comunidade conhecida como a “aringa de Farelay” e a sua ligação com novas formas de relações de trabalho advindas da implementação do colonialismo europeu. E, por fim problematizarei a utilização dos termos “aringas” e “quilombos” para identificar essas comunidades e tecerei aproximações entre os sentidos dados às experiências de trabalhadores dessas três comunidades de Moçambique e as encontradas em outros espaços geográficos, como os quilombos no Brasil. Nesse eixo de análise, influenciada principalmente pela historiografia brasileira sobre resistência escrava, associarei a ideia de “cultura política” ao sentido comum dado à formação dessas comunidades. “Cultura política” aqui entendida como uma forma de organização, inclusão social e proteção de indivíduos ou grupos que estariam à margem da sociedade colonial, por serem trabalhadores escravizados ou “de ganho” e libertos, ou das linhagens africanas mais antigas no território estudado.
Esta comunicação compreende um projeto vinculado ao Grupo de Pesquisa ALEA para consolidação da rede de cooperação acadêmica internacional entre Cabo Verde, Brasil e Portugal, envolvendo pesquisadoras da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), da Faculdade de Letras de Coimbra (FLUC), da Universidade do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO) e a Universidade de Brasília (UnB). Este projeto está ambientado, naturalmente, nas áreas da Crioulística e do Contato Linguístico, operando na interface da Sociolinguística, da Língua de Herança e da Aquisição de Linguagem. De modo geral, o projeto prevê desenvolvimento de pesquisas bibliográficas, digitais, quantitativas, qualitativas e quali-quanti em busca do entendimento dos processos de aquisição, variação e mudança do crioulo pelos falantes na diáspora no Brasil e em Portugal. As pesquisas compreenderão investigação da aquisição do Português na diáspora e aquisição do crioulo por seus filhos como língua de herança, descrição dos contextos de uso, especificação desses falantes do crioulo como Língua de Imigração (L1) ou Língua Adicional e como Língua de Herança (L2), questões sobre atitudes e avaliação social: consciência sociolinguística crítica e o impacto do uso do crioulo no mundo atual, real e virtual, necessidade da luta pelo seu reconhecimento como língua oficial nas ilhas, visando sua preservação na diáspora. Isso posto, neste painel, pretendemos dar a conhecer o projeto e seus objetivos, as questões de pesquisa, as áreas e teorias de base, as rotas e as metodologias das pesquisas, eventos e produções propostos pela rede. Justifica-se a pertinência desta proposta neste painel que contempla a decolonialidade por tratar-se de um projeto centrado em proposicões críticas e positivas a favor da autonomia do crioulo caboverdiano contrariando posturas de aceitação e continuismo do crioulo como língua secundária ao longo processo de colonização das ilhas. As referências inicias são Labov (1972), Lima-Hernandes (2016), Semedo; Moreira (2023), Poplack (1980).
Esta comunicação contempla um projeto conjunto de pesquisadoras da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), vinculadas ao Grupo de Pesquisa ALEA, que tem como objetivo precípuo trabalhar a variação linguística nas ilhas, visando focalizar as oralidades e as escritas do Crioulo Cabo-Verdiano em todo o Arquipélago e sua relação com a Língua Portuguesa. O projeto nasce da constatação de que a luta pela oficialização e padronização do Crioulo passa por ações concretas que incidam no entendimento e na conscientização dos falantes na escola, na universidade, nas mídias sociais e na sociedade, em diferentes níveis de letramento escolar e social, sobre a realidade da sua língua materna: sua história, sua riqueza, sua dinamicidade tanto na oralidade como na escrita que já é manipulada pela população na vida diária e nas mídias. As perspectivas teóricas estão na Crioulística, na Linguística do Contato, na Sociolinguística em interface com a Linguística Textual e a Linguística Aplicada. O trabalho estará embasado em gêneros textuais e digitais, escrita e reescrita textual, como Marcuschi (2004), Koch (2011), Semedo; Moreira (2023), Rodrigues et al (2024). O público-alvo serão alunos do ensino médio e da graduação, grupos sociais nas ilhas e na diáspora, visando ações como cursos e simpósios on-line. A unidade na variedade preconizada pela escrita poderá resguardar o crioulo, seu ensino e sua preservação como língua aparentada, mas distinta do Português. E esse movimento pela visibilidade e autonomia escrita do crioulo é altamente decolonial, justificando a inserção deste projeto neste painel.
La muerte es el elemento fundamental y recurrente de las novelas de Mia Couto. En Tierra sonámbula también emerge, además de como tema principal y personaje propio, como laboratorio de pruebas literarias. Tierra sonámbula fue publicada en 1992, coincidiendo con el fin de la guerra civil en Mozambique. Mia Couto había vivido más de tres cuartas partes de su vida en guerra, en una situación continua de extrema violencia e inseguridad. La trama y la atmósfera del libro reflejan ese contexto en el que de modo natural conviven los muertos y los vivos, la realidad y la literatura. Un panorama que podría parecer consustancial para un escritor que es un ejemplo de creador gestado en tierra de nadie. Desde Mozambique, Couto, hombre blanco de origen europeo, se ha relacionado con la tradición de su tierra natal y con la ascendencia de su legado familiar con las dificultades intrínsecas a dicha contraposición. En ese lugar de frontera, en el cual todo puede diluirse, donde se materializan las tensiones entre territorios diferentes, y que cristaliza en la muerte, Couto ha conseguido generar un espacio de encuentro entre la tradición oral mozambiqueña y la tradición literaria mundial. Tierra sonámbula es un libro con fuertes ecos de oralidad, pero también emparentado, entre otros, con el realismo mágico, la literatura bélica, los textos de iniciación o la narrativa épica. Mia Couto utiliza los recursos lingüísticos y los mecanismos narrativos que esas alternativas le ofrecen para hacerlas confluir en ese fértil terreno que supone su primera novela y cuyo telón de fondo no es otro que la propia muerte: «En aquel lugar, la guerra había matado la carretera. Por los caminos solo las hienas se arrastraban, sumergiéndose entre cenizas y polvo. […]. Y los vivos se acostumbraron al suelo, en un resignado aprendizaje de la muerte.»