“Sensibilizar Portugal para apoiar a nossa causa” 1975-1991: o processo de constituição de uma rede portuguesa de apoio à UNITA e as suas dinâmicas

Esta comunicação visa averiguar o processo de constituição da rede portuguesa de apoio à União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) durante a primeira fase da guerra civil angolana, desde a proclamação da independência do país, em novembro de 1975, até à assinatura dos acordos de Paz de Bicesse, em maio de 1991, entre o governo e a UNITA. Mediante a utilização de fontes do Arquivo da Administração Interna, do Arquivo Histórico da Assembleia da República, da imprensa portuguesa da época, bem como de fontes orais, através da realização de entrevistas semiestruturadas a elementos que integravam à delegação da UNITA em Portugal e a personalidades políticas portuguesas com ligações à organização de Jonas Savimbi, esta comunicação visa descrever as razões pelas quais se constituiu uma rede portuguesa de apoio à organização angolana. O intuito consiste em examinar a relevância desta rede no contexto da oposição da UNITA em Angola. Os dados recolhidos sugerem que a rede de apoio à organização de Jonas Savimbi foi estratégica e importante no contexto da oposição que a UNITA fazia ao governo angolano na esfera internacional.

Las fuentes orales para el espacio sahariano en la obra geográfica de al-Bakrī: individuos y relatos transeúntes

Cuando al-Bakrī (1029-1094) compone su obra geográfica, Kitāb al-Masālik wa-l-mamālik, ya existe un importante patrimonio textual geográfico del que el andalusí bebe en cierta medida y así los estudios sobre sus fuentes (Ferré, 1986; Penelas, 2009; Franco, 2021, 2022) ponen de relieve la utilización de estas obras, algunas desaparecidas. Esta contribución pretende indagar sobre las fuentes orales que figuran en su obra y que aportan al texto desde la oralidad. Se trata de analizar el perfil de los que, con nombre propio o algún tipo de identificación, figuran como transmisores de información para el espacio sahariano, así como examinar los temas y relatos que son objeto de esta transmisión. Además se tendrán en cuenta las fuentes orales implícitas que permiten, entre otras cosas, el tránsito de vocablos locales de elementos de la naturaleza, entre otros. La movilidad de individuos y grupos está en el origen de estas informaciones, pues se refieren a un territorio sobre el cual las fuentes geográficas orientales son más parcas. En este contexto, ulemas y comerciantes se erigen en depositarios e intermediarios de unos relatos que solo estaban al alcance de los que habían accedido a ellos mediante una experiencia viajera personal.

Urbanismo e sustentabilidade “a partir do Sul”: conhecimento endógeno e descolonização dos estudos urbanos em Africa

A disciplina dos estudos urbanos surgiu de processos de urbanização observados na Europa e na América do Norte no século XIX, que se tornaram paradigmas de “desenvolvimento” e “modernidade”, com a racionalidade, a eficiência, a sustentabilidade e a digitalização como condições de “sucesso” urbano para comparar “o resto do mundo”. Esta mundivisão eurocêntrica, assente na diferença e hierarquização, recusa as características intrínsecas e modernidades alternativas das “outras cidades” como válidas para a ciência urbana. No entanto, a urbanização euro-americana foi gradual ao longo de séculos até acelerar na Revolução Industrial. Em contrapartida, a “revolução urbana” em Africa é recente, rápida e contextual a lutas emancipatórias, instabilidades pós-coloniais e globalização neoliberal. A importação de ferramentas analíticas para contextos históricos tão diversos produziu repertórios unidimensionais de “favelização”, pobreza, violência e caos para as cidades africanas, impedindo a geração de conhecimento útil sobre elas.
Urbanistas contemporâneos criticam este cânone em estudos empiricamente fundamentados nos processos urbanos globais para abranger múltiplas realidades, recusando conceitos imperialistas de “cidades falhadas” e segregações epistémicas entre “metrópoles” e “periferias”. Um exemplo é o construto Southern Urbanism: teoria e experimentação metodológica interdisciplinares fundamentadas na rápida urbanização em África e na Ásia, para produzir conhecimento útil por meio de ferramentas participativas e propostas endógenas. Outros construtos decoloniais como Indigenous Knowledge e Relational Research conectam a produção do conhecimento à história e cultura locais contra a “objetividade neutra” da ciência positivista eurocêntrica.
Nesta linha, o conceito globalmente aceite de “desenvolvimento sustentável”, proposto pela Comissão Bruntland, é questionado na sua capacidade de abranger as variadas dinâmicas económicas, sociais e ambientais do mundo no geral, e das sociedades africanas em particular. Assim, nesta comunicação pretende-se discutir estas propostas teóricas de descolonização dos estudos urbanos e da sustentabilidade aplicada às cidades africanas.

O racismo em Portugal na primeira metade do século XX: a produção literária de Mário Domingues

Recentes estudos de cariz historiográfico, realizados por investigadoras e investigadores ligados ao atual movimento antirracista em Portugal e outros, têm vindo a recuperar a atuação de uma figura esquecida pela historiografia e pelos estudos literários e culturais: a de Mário Domingues (1899-1977), jornalista, ativista, escritor e tradutor negro nascido em São Tomé e Príncipe e radicado em Portugal.
Autor de uma vasta obra jornalística e literária, Domingues defendeu, sobretudo na imprensa, mas também em romances e novelas, posições anticoloniais e antirracistas e faz parte de uma geração marcante do movimento negro em Portugal da primeira metade do século XX.
Esta comunicação debruça-se sobre algumas das suas obras literárias que retratam e criticam o racismo em Portugal, interrogando estas narrativas enquanto parte de um arquivo negro e antirracista.

Developing Sustainable University Partnerships: Lessons from Germany and Tanzania

Panel 15: North-South University Development Cooperation: Towards More Equitable Academic Partnerships
Developing Sustainable University Partnerships: Lessons from Germany and Tanzania
George Mutalemwa
In recent years, there has been a renewed interest in international cooperation amongst African universities. However, little has been researched on the nature and output of the cooperation as well as the underlying reasons thereof. This paper argues that the establishment of partnerships is often inadequately devised. Usually collaborative partners tend to lose sight of the question of sustainability and the partnerships tend to be crafted in a skewed “sender-receiver” mode. As a result, some partnerships tend to be unidirectional, end prematurely or fail to meet the objectives of their establishment. Informed by the University Revitalisation Theory (URT), this paper seeks to answer the research question, namely how successful or otherwise has been the cooperation between the State of Lower Saxony in Germany and St. Augustine University of Tanzania over the past 15 years. Data collected through interviews with “donors” and “beneficiaries” as well as document reviews will be analysed thematically. As a beneficiary of this partnership, I will give precedence to the data. The paper will discuss the nature of the partnership, reasons for its success or failure and tease out the path for sustainability. Recommendations for sustainable partnerships will follow the discussion, which may help craft strategies for sustainable and equitable academic partnerships, particularly in the North-South relations.
Keywords: academic partnership, theory, sustainability, North-South relations