Ao cabo de um processo conducente à independência sem luta, no arquipélago equatorial não ocorreu uma grande aposta na cultura enquanto elemento de afirmação nacional. Frequentemente se disse que a resistência tinha sido, sobretudo, cultural, mas esta afirmação prevaleceu mais pela posição política de quem a enunciava do que pela valia interpretativa do significado político dos artefactos culturais são-tomenses, supostamente distintos dos portugueses.
Após a independência, a vertente cultural importaria menos no cotidiano individual e coletivo dos são-tomenses. Sob o regime de partido único, não havia mobilização de referentes culturais para a arena política. Por fim, não existia uma atividade académica e o registo dos artefactos culturais era amador, sem um fundo de reflexão acerca da valia de artefactos culturais para aquilo que seria uma identidade cultural partilhável pelos ilhéus. Tratando-se de uma ilha, modos de vida, hábitos, crenças estavam mais ou menos ao abrigo de influências estranhas, mormente das do continente africano. Embora presentes, tais influências não eram prezadas. A afinidade com a África era lembrada, mas sem grande insistência, trocada pela obsessão de criar um “homem novo”.
Os construtos culturais, que indicavam especificidade dos são-tomenses – caso, por exemplo, do djambi – e com os quais os dirigentes políticos contemporizavam sem, contudo, conseguir disfarçar algum incómodo, eram interpretados, quando neles assomavam facetas de crendice retrógrada, como estando relacionados com estágio de “desenvolvimento das forças produtivas”. No tocante à cultura mais erudita praticamente se vedou a criação literária que, a existir, deveria ser orientada para a exaltação das metas políticas, pelas quais se concretizava a emancipação do povo.
O credo revolucionário rezava que tudo era político, o que, ao invés de valorizar os sentidos políticos das manifestações culturais, as atrofiava e as condicionava à exaltação da vontade do chefe.
Through the lens of the BAQONDE project, this presentation delves into the challenges and opportunities posed by multilingualism in South Africa’s Higher Education system. This Capacity Building for Higher Education (CBHE) project brought together a consortium of seven universities from South Africa and Europe to advance the integration of indigenous languages at the tertiary level. In addressing the challenges and seizing the opportunities inherent in this dynamic context, this perspective underscores the advantages of bridging the linguistic and educational experiences of minority language speakers across the Global North and South even within the broader context of academic decolonization (Ndlovu-Gatsheni, 2020). The project’s core principles of mutual trust, ownership, autonomy, and inclusivity are discussed as central elements in fostering new capacities tailored to the specificities and needs on the ground level. Finally, in line with the growing body of evidence highlighting the cognitive benefits of mother-tongue education (Antia, 2021), this presentation also discusses the resulting synergies in terms of training and dissemination, including the creation of an inter-institutional board and multilingual repository. These initiatives underscore the importance of accessibility and visibility in reaching out to both university and non-university students as well as teachers in earlier educational levels.
Ndlovu-Gatsheni, S. (2020) Decolonization, Development and Knowledge in Africa: Turning over a New Leaf. London: Routledge.
Antia, B. E., Weldemichael, T., & Dyers, C. (2021). Multilingual assessment: Levelling the emotion- cognition playing field at a South African University. Language Matters, 52(1), 50– 70. https:// doi.org/ 10.1080/ 10228 195.2020.1839 539
In the Sub-Saharan African context, legislative chambers have generally been considered weak, rubber-stamp institutions dominated by strong executives. Recent scholarship has, however, challenged this by demonstrating variation in legislative assertiveness across African countries and within countries over time. By doing so, historical path dependencies and access to resources have been put forth as major factors explaining why some Members of Parliament (MPs) are more independent from senior powerholders. This independence could be crucial to understand why MPs are more inclined to represent their constituents’ need in policy arenas. In this paper, we expand on this research agenda by drawing on the case of Nigeria. Leveraging Nigeria’s federal structure, we compare the National Assembly with subnational Houses of Assembly in three (out of 36) states in the country: Lagos, Jigawa, Bayelsa. We argue that MPs at the national level are more independent from the president than MPs at state levels are independent from governors. We attribute this difference to patronage dynamics with access to state resources more tightly controlled at the subnational than at the national level. In addition, we highlight how national MPs are also often beholden to state governors. Finally, we identify conditions that weaken governors’ control over resources and their MPs.
O presente trabalho de comunicação objetiva tratar das questões de políticas linguísticas no Benin e a relação diglóssica entre as línguas Fongbê e Francês presentes nesse espaço geográfico. O objetivo de tal discussão é trazer à tona os olhares teóricos da literatura linguística no âmbito da diglossia e da lógica de políticas linguísticas adotada pela constituição do Benim; comparando com os dados sociolinguísticos acerca dessa mesma diglossia. Para tanto, pretendemos enquadrar esta comunicação no discurso de línguas em contato e contato de línguas da linguística de contato, a partir de estudos de autores como: Mello (2011), Matras (2009), Weinreich (1953), e Rodrigues (2007). Como abordagem metodológica, a comunicação enquadra-se na perspetiva do paradigma interpretativista (Gil, 2002; Bortoni-Ricardo 2011, 2014; Angrosino 2009). Com efeito, o fato de os dados serem sociolinguísticos de cunho interacional proporciona esse estudo qualitativo. Os dados foram recolhidos em contextos reais de interação nos quais os interlocutores estão em situações normais de conversação. Agumas perguntas que nortearão este trabalho são: qual é a história das duas línguas no Benim? Como se vive a relação entre elas no território beninense? Qual é importância das políticas linguísticas para a sobrevivência ou não de cada uma dessas línguas? Como pode ser definida conceitualmente a questão da diglossia entre o Fongbê e o Francês no Benim, considerando que há bilinguismo social, mas não político, entre essas duas línguas? Seria o caso de se aplicar a terminologia bilinguismo diglóssico a esse caso, considerando que as políticas linguísticas e a realidade sociolinguística atual da população? A resposta a essas perguntas e as demais que surgirem no transcurso do trabalho permitirá abarcar o trabalho como todo e satisfazer o esclarecimento da questão diglóssica na República do Benim. A primazia deste trabalho vem do fato de analisar dados de produções realizadas em contextos reais de
Apresentação do projeto ECO-África e sua importância no estudo das Literaturas Africanas. O projecto visa reconfigurar as formas de ler, estudar e analisar as Literaturas Africanas em Português (LALP) dentro dos quadros teóricos desenvolvidos nas humanidades ambientais e na literatura mundial. Desde o seu surgimento, a literatura africana tem refletido sobre questões globais a partir de contextos locais, promovendo visões de mundo distintas que precisam ser exploradas através de uma interseção disciplinar entre literatura, ecologia, economia, política e história. Seguindo os debates teóricos sobre humanidades ambientais e literatura mundial, este projecto pretende abordar a LALP como “estética da extinção” e também estabelecer uma abordagem sistémica e comparativa da literatura dos países africanos de língua portuguesa (Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau). Bissau, São Tomé e Príncipe) e literatura africana escrita em outras línguas através dos conceitos teóricos de “pensamento oceânico” (Steinberg, 2015) e “formas costeiras” (Pearson, 2017; Samuelson, 2017) a fim de promover novas formas críticas e analíticas entre os campos da LALP, humanidades ambientais e literatura mundial. Queremos demonstrar o papel da literatura africana na “formação da nossa compreensão do mundo e do planeta” (Wenzel, 2019), capaz de desafiar os “contínuos modos imperialistas de dominação social e ambiental” (Huggan & Tiffin, 2015).