NO VÃO DA MEMÓRIA: IDENTIDADE, DECOLONIALIDADE E ENSINO NO QUILOMBO REMANESCENTE KALUNGA/GO

Nathany Araújo
Rozana Reigota Naves

O passado sociohistórico da formação do Brasil foi contado pelo viés colonial, fruto das grandes navegações lusitanas que aportaram no país e utilizaram os povos africanos como mão de obra em um dos maiores regimes escravocratas já existente. Nesse sentindo, esta apresentação busca demonstrar o contributo do continente africano, no que concerne à língua, à cultura e aos costumes, para a formação do Português do Brasil e da sociedade brasileira, buscando o devido reconhecimento identitário e valor deixados pelos povos originários. A pesquisa traz como enfoque o Quilombo Remanescente Kalunga, localizado na Chapada dos Veadeiros, no Estado de Goiás, a fim de elencar não somente os traços semicrioulizantes encontrados na Variedade Kalunga, mas também as percepções sentidas na comunicação com os falantes e como tem sido realizado o trabalho de autoestima linguística e social nas instituições escolares presentes nas comunidades de Vão de Almas e Vão do Moleque. Assim, pretende-se mostrar como o Quilombo tem resistido frente à perspectiva decolonial; o que tem se falado a respeito das variedades locais, da literatura e da influência africana em seus viveres; e como eles têm reagido e se percebido enquanto afrodescendentes e falantes de uma variedade que não é a preconizada pela gramática normativa da Língua Portuguesa. Faz-se necessário o fortalecimento da autopercepção dos kalungas como contribuintes da história do país e da formação da identidade brasileira – marcada pela resistência negra e sua cultura, sociedade, línguas e costumes.

Palavras-chave: África, Sociolinguística, Crioulística, Contato Linguístico, Semicrioulização, Identidade, Percepção e Decolonialidade.