Vinte anos depois, o Congresso Ibérico de Estudos Africanos regressa a Barcelona, organizado pelo Grupo de Estudos sobre Cultura e Dominação – Grupo de Estudos sobre Sociedades Africanas (GECID-GESA) da Universidade de Barcelona. Tal como então, o congresso procura convidar todos os sectores sociais e académicos a abordar as sociedades africanas e as suas diásporas. Nessa altura, a intenção era chamar a atenção para a incorporação de África na sociedade global, abordando as perspectivas de um afro-otimismo nascente, expresso com a imagem da “África caminha”, rompendo com a imagem negativa e estática que era repetidamente reproduzida sobre as sociedades africanas. Agora, sob o título “Respostas africanas ao dilema descolonial”, o congresso convida-nos a explorar o papel africano na constituição de uma sociedade planetária que só poderá ser inclusiva e real se assumir a sua diversidade. Precisamente o que agora se apresenta como o dilema descolonial põe em evidência as dificuldades decorrentes do predomínio da “componente ocidental” na gestão da diferença e na negação da desigualdade no mundo.

Neste sentido, a longa experiência do pluralismo cultural africano é um trunfo essencial para facilitar a coexistência e o enriquecimento mútuo, com base nas múltiplas memórias e dinâmicas que convergem na globalização. Estas memórias, tantas vezes antagónicas entre si – como é o caso das heranças coloniais, hoje muito presentes – são muito mais do que discursos: materializam-se e emanam de solidariedades muito diferentes, mas todas elas são essenciais para a coesão social no mundo e para a superação das assimetrias de todo o tipo de que ele padece. A África tem muito a dizer na articulação desta multiplicidade e na construção de uma sociedade global mais justa.

O mandato emitido no ICAE de Granada em 2018 levou à constituição de uma rede ibérica de estudos africanos em Lisboa em 2022. O organizador, o Centro de História da Universidade de Lisboa, comprometeu-se a colaborar, através de uma Comissão Instaladora, para lhe dar forma jurídica e material, e a apresentar uma proposta para a sua implementação no próximo congresso, em Barcelona 2025. Assim, o ICAE 12 tornar-se-á a primeira assembleia da nova Rede de Estudos Africanos que, tecida a partir dos centros e grupos de investigação africanistas de Portugal e Espanha, se abre ao mundo através da ligação com os seus parceiros, particularmente em África. O Congresso Ibérico de Estudos Africanos tornar-se-á assim o grande encontro bienal da Rede de Estudos Africanos.